Mais qualificação e salários inferiores: esse é o perfil da mulher bancária 2017

07/03/2017 – 13:38

Pesquisa apontou que 87% das mulheres bancárias da região possuem qualificação acadêmica, mas ainda ganham menos que os homens

“;Discriminação de gênero ainda é vista no mercado financeiro “;. A fala do presidente do SindBan (Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região), José Antonio Fernandes Paiva, aponta o resultado da pesquisa ‘Perfil Bancário 2017’. Realizada entre novembro e dezembro de 2016, a pesquisa entrevistou 1343 bancários, de 19 cidades da base sindical.

Representando 56% da categoria, 752 mulheres foram entrevistadas. Entre elas, 320 são de bancos públicos, o que representa 42,55% e 432 são de bancos privados, 57,45%. Com 23 questionamentos, o Perfil Bancário englobou desde orientação sexual até assédio moral. Das entrevistadas, 97,47% se declararam heterossexual e 58,24% casadas.

Para a vice-presidente do SindBan e coordenadora da Semana da Mulher Bancária, Angela Savian, a discriminação de gênero começa a ser notada com os dados das funções. “;Vemos um número maior de mulheres nos cargos de menor hierarquia, já nos cargos superiores, como comissionado, gerente de relacionamento e gerente geral, vemos que os cargos são preenchidos na sua maioria por homens “;, explicou.

Segundo a pesquisa, os cargos de gerente geral são compostos por 8,80% de homens, enquanto as mulheres ficam com 4,65% dos cargos. Ou seja, 89% dos cargos possuem representantes masculinos. No quesito salário, as mulheres continuam em desvantagem. Assim como na função, a faixa salarial mais baixa é composta por maioria mulheres e a mais alta por homens. Na faixa salarial de R$ 8.880,00 a R$ 11.440,00, há 53,2% a mais de homens do que mulheres. Já nos salários ainda maiores, acima de 14.960,00, a diferença pula para 140%.

“;Se já nos preocupávamos com a concentração dos principais cargos de chefia e direção nas mãos de homens, nos chamou mais atenção ainda quando analisamos a remuneração dos homens e mulheres. Como oíndice de representatividade nos cargos é menor do que a diferença de salários, chegamos a conclusão de que mesmo nos mesmos cargos, as mulheres ganham menos que os homens “;, defendeu Paiva.

Um dos dados mais preocupantes da pesquisa, segundo Angela, foi o número de mulheres negras na categoria bancária: apenas 1,60% das 752 mulheres entrevistadas. Ou seja, nas 142 agências bancárias da base sindical, há 12 mulheres negras. “;Os bancos dizem ter um programa de incentivo para essa categoria, mas sabemos que os negros que estão no sistema financeiro, estão alocados no departamento administrativo, onde não aparecem “;, comentou o diretor do SindBan, Marcelo Abrahão. Recentemente, o SindBan, que está em processo eleitoral, aprovou como critério para composição de chapa a cota para negros.

Além da cota para negros, também foi aprovado um número m ínimo de pessoas com deficiência para representar a diretoria do Sindicato. “;Acrescentamos mais um questionamento no Perfil esse ano, o número de PCDs nas agências bancárias. Com a criação da secretaria De Assuntos das Pessoas com Deficiência, o SindBan se tornou pioneiro com o projeto ‘Bancário Eficiente’, que realizou um mapeamento inédito da falta de acessibilidade das agências bancárias de Piracicaba “;, explicou Paiva.

Segundo a pesquisa, 2,39% das mulheres se declaram deficientes. Para a diretora e secretária De Assuntos de Pessoas com Deficiência do SindBan, Let ícia Françoso, o número ficou muito a baixo do que o necessário. “;Os bancos contratam as pessoas com deficiência apenas para cumprir uma cota exigida por Lei, não contratam pela capacidade profissional. O resultado do Perfil mostrou o quanto é importante trabalharmos a inclusão no sistema bancário “;, explicou.

Outro ponto abordado pela pesquisa foi o número de mulheres que se sentiram assediadas moral e sexualmente dentro do ambiente de trabalho. Foi registrado um número menor nos dois quesitos, em relação aos anos anteriores. Mas, para Paiva, o número ainda é alarmante. “;19% das mulheres sentiram se assediadas no ano de 2017. Esse ainda é um número preocupante. Registramos uma diminuição nos casos, por conta de todo o trabalho de denúncia e conscientização do Sindicato, mas ele ainda é grande “;, explicou.

Apesar do número de mulheres que se sentiram assediadas ter diminu ído, a porcentagem das que se sentiram discriminadas racialmente e por gênero aumentou. Em 2017, 1,86% da categoria declarou ter sido discriminada racialmente e 3,46% sexualmente. “;A partir do momento que você empodera a mulher e a conscientiza da importância da denúncia elas ganham poder, e o poder faz com que a discriminação por gênero aumente dentro das agências. Todos esses dados mostram a importância de continuarmos na luta pelas mulheres bancárias “;, comentou a vice-presidente do SindBan, Angela Savian.

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