No centenário do BB em Piracicaba, Sindicato ressalta participação social dos bancários

Piracicaba comemora neste mês de julho 100 anos de instalação da agência Centro do Banco do Brasil na cidade, a agência 0056. Para o Sindicato dos Bancários de Piracicaba, este é o momento de celebrar também a vida e a história dos bancários que atuaram na agência ao longo destes 100 anos, enfrentando diferentes contextos políticos e econômicos.

“É preciso enaltecer o grupo de funcionários do Banco do Brasil em Piracicaba, pois neste grupo há muitas pessoas que participaram ativamente da vida social e política da nossa cidade, que lideraram clubes sociais e de serviços, ocuparam secretarias de governos municipais e inclusive uma vaga no Poder Legislativo”, ressalta José Antônio Fernandes Paiva, presidente do Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região.

A agência Centro do BB, que funciona na Praça José Bonifácio, 945, na esquina com a rua Moraes Barros, foi a quinquagésima sexta a ser instalada pelo banco desde a sua fundação e entrou em funcionamento no dia 16 de julho de 1923. Foi fundamental como fomentadora do desenvolvimento econômico da cidade, principalmente em relação às lavouras de cana, usinas de açúcar e às indústrias de siderurgia e metalurgia ligadas a este setor.

Paiva lembra que ao longo da história os funcionários do Banco do Brasil mantiveram uma participação ativa no Sindicato, contribuindo com a conquista de direitos para a categoria. “E nós tivemos inclusive dois presidentes do Sindicato que foram oriundos do banco, o Mário José de Lima Dantas e Diocleciano Villar”, observa.

 

Dantas foi presidente do Sindicato nos anos 1960, em um período de dificuldade para a atividade sindical, pois as entidades sofreram perseguição dos governos militares e em alguns casos inclusive intervenção. Villar também atuou entre os anos 1960 e 1970, e teve um papel importante na estruturação e fortalecimento da entidade.

Os funcionários do BB de Piracicaba também participaram ativamente de movimentos nacionais e paralisações da categoria, especialmente durante os anos 1990, quando o país enfrentou crises econômicas sucessivas. “E nós sempre tivemos a adesão no BB, pois a consciência e disposição dos colegas sempre foi referência na categoria”, destaca Paiva.

Essa ação em defesa dos bancários também se amplia com o envolvimento em movimentos de solidariedade, como a Pastoral da Criança, que foi liderada e contou com a presença significativa de trabalhadores do BB. Da mesma forma, marcaram presença em organizações como o Lions, o Rotary e a Maçonaria, além de clubes como o Cristóvão Colombo e o Clube de Campo.

Carreira e formação

Pela agência 0056 passaram muitos funcionários que construíram carreiras destacadas no BB, pessoas que começaram como menores aprendizes, contínuos ou escriturários e chegaram depois a ocupar a gerência de agências importantes, gerências e superintendências regionais e cargos na direção superior do banco.

Neste mês de julho, o Sindicato dos Bancários recebeu a visita do bancário aposentado do BB Márcio Moral, exemplo deste tipo de trajetória. Começou como menor aprendiz em Piracicaba e ocupou praticamente todos os cargos de gerência e direção do banco em nível nacional, além de ter sido gerente da Agência do BB em Lisboa, Portugal.

Em virtude de constituir uma carreira com alto grau de valorização salarial e pessoal, o Banco do Brasil sempre atraiu profissionais com boa formação cultural, técnica e profissional, o que resultou ao longo dos anos em um ambiente de trabalho marcado pela excelência.

Paiva lembra que em função desse perfil, a frente da agência sempre foi um ponto de encontro de pessoas da política, da música e da cultura. “Muitas vezes, as pessoas sentavam ali para um bate papo breve sobre a nossa cidade e isso faz parte da rica história da nossa centenária agência 056”, conta.

A agência ainda contribuiu com a formação profissional de muitos piracicabanos, graças ao programa de menores aprendizes, que recebeu durante muitos anos jovens entre 15 e 18 anos. Mesmo os que não permaneceram no banco, foram influenciados pela cultura de trabalho vigente num período crucial da sua vida, durante a adolescência e a juventude.

Outro cargo que foi extinto no banco, mas que na agência de Piracicaba foi ocupado por profissionais de grande respeitabilidade e influência, foi o de contínuo. Ocuparam essa função pessoas como Antonio Schmidt, Dorival Braga, Pavan, Seo Lazinho, entre tantos outros.

Presença das Mulheres

As mulheres passaram a integrar a carreira do BB principalmente a partir dos anos 1970. Em Piracicaba, no momento de comemoração dos 50 anos, em 1973, havia quatro mulheres trabalhando na agência, entre elas Maria Inês Pinto, a primeira a assumir uma vaga, e Aparecida Gregolin Abe, que tomou posse em 1972.

Cida Abe conta que até o final dos anos 1960 a profissão era ocupada majoritariamente pelos homens. “Isso começou a mudar no BB em 1970, quando foi realizado o primeiro concurso em âmbito nacional com acesso para as mulheres”, lembra. Ela foi aprovada nesse concurso, mas adiou a posse até 1972.

A bancária Cida Abe é um exemplo dessa participação dos bancários na cidade. Foi secretária municipal de Cultura, na gestão Humberto de Campos, vereadora, entre os anos de 2001 e 2004, e diretora Regional de Cultura no Governo do Estado.

A presença das mulheres se ampliou significativamente nas últimas décadas, na mesma medida em que os processos de informatização e digitalização avançaram e o trabalho se tornou menos manual e mais automatizado.

A pesquisa Perfil Bancário 2023 mostra que atualmente as mulheres representam 57,7% da categoria bancária em Piracicaba, e vale destacar que a gerência da agência 0056 é ocupada neste centenário também por uma mulher.

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