BB bate novo recorde de lucro, mas se distancia de função pública

O Banco do Brasil voltou a bater recorde semestral de lucro. De julho a setembro, o lucro líquido foi de R$ 8,4 bilhões, aumento de 62,7% em relação ao mesmo período de 2021. Nos nove meses de 2022, o lucro líquido ajustado do BB atingiu R$ 22,72 bilhões, crescimento de 50,9% em relação ao período imediatamente anterior.

O desempenho positivo é importante, pois diz respeito à saúde da entidade. Mas os lucros astronômicos reforçam a destituição do caráter público do BB.

Em governos anteriores, o banco já apresentou lucros consideráveis, garantindo o pagamento dos acionistas e não perdendo sua função pública, pelo contrário, aumentou o número de agências e o nível de bancarização no país.

O papel dos bancos públicos é auxiliar o Estado no crescimento de setor produtivo, infraestrutura e redução das desigualdades, a partir da oferta de crédito a juros mais baixos para as famílias, microempreendedor, pequenos empresários e agricultores.

Dividendos – Junto com o anúncio do resultado trimestral, que aconteceu nesta quarta-feira (9) após fechamento do mercado, o BB informou ter aprovado a distribuição de mais de R$ 486,6 milhões a título de remuneração aos acionistas sob a forma de dividendos e mais de R$ 1,8 bilhão sob a forma de Juros sobre Capital Próprio (JCP), ambos relativos ao terceiro trimestre de 2022.

Com base neste e nos relatórios financeiros dos últimos quatro anos, percebe-se um BB mais preocupado em apresentar recordes de lucro para atender apenas interesses de acionistas. E, nos últimos meses deste ano, uma aceleração da apresentação de resultados e pagamento de dividendos de empresas estatais. O lucro em empresas públicas é bem-vindo. Mas a que custo ele ocorre, sobretudo neste momento, de final de mandato?

É curioso que, diante de uma economia patinando, aumento da miséria e índice de famílias brasileiras com contas em atraso passando dos 30% [de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo/CNC], a prioridade de um banco público como o BB seja agir como qualquer banco privado, para atender expectativas de acionistas.

Existem várias maneiras de aproveitar o BB para combater a crise econômica, sendo uma delas a redução dos spreads bancários [a diferença entre o custo de captação dos bancos e o que eles cobram nos empréstimos a seus clientes].

Emprego e agências – As demonstrações financeiras do BB no trimestre registram também o aumento de 117 postos de trabalho no terceiro trimestre do ano e 1.361 em 12 meses, além da redução de oito agências no período.

O volume de contratação é muito pequeno e longe de recompor os mais de 10 mil postos de trabalho que foram cortados desde 2016. Já o número de agências continua defasado. Nos últimos seis anos, o BB fechou mais de 1.500 unidades, a maioria agências de periferia e de pequeno porte, como fazem os bancos privados, que mantêm agências nos grandes centros, em detrimento da população no geral.

Durante a gestão Fausto Ribeiro, atual presidente do BB, e de Carlos Motta, vice-presidente de Negócios de Varejo (área do banco responsável por definir as metas), o movimento sindical registrou um aumento de casos de adoecimento de bancários, seja por conta de assédio moral para alcançar metas em níveis abusivos, seja pela redução de postos de trabalho, ocasionando sobrecarga e acúmulo de funções aos bancários mantidos.

A expectativa do Movimento Sindical, a partir de 2023, é que, junto à valorização do BB como banco público, ocorra o aumento de funcionários, impactando inclusive na realidade dos funcionária do banco, submetidos a sobrecarga de trabalho por causa do enxugamento de postos.

Confira aqui os destaques completos do balanço, apontados pela equipe da Subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

Leia também: “Banco do Brasil precisa cumprir papel de banco público”

 

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