No Dia Mundial da Saúde, a realidade dos empregados da caixa é o adoecimento mental

Neste 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, os trabalhadores da Caixa não têm motivos para celebrar. Os resultados da pesquisa da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) sobre saúde e os impactos da pandemia mostram que boa parte do adoecimento dos empregados está relacionado ao trabalho no banco.

Entre os dados mais assustadores, estão os de saúde mental. Em 2021, 42% dos empregados afirmaram ter problemas de saúde associados à atividade que desempenha na Caixa. Destes, 75% estão relacionados à saúde mental.

A pesquisadora e doutora em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações, Fernanda Duarte, participou da pesquisa e apontou os principais achados do levantamento. “O cenário é bem crítico. Em geral, foi possível perceber três tendências principais nesses dados. Uma é que os resultados são iguais ou piores. O problema é que já era muito ruim antes. A outra questão é o adoecimento mental com uma presença muito predominante”, destacou Fernanda.

O terceiro fator que chamou a atenção da pesquisadora é a “medicalização e farmaceuticalização de conflitos sociais” – tratar um problema social e de relações no trabalho de forma individualizada. “A gente tem a preocupação em diagnosticar transtornos, mas não necessariamente entender fatores sociais que estão relacionados à iminência desses transtornos. Uma coisa é a gente falar que está cheio de gente deprimida no banco, outra é entender que estes fatores estão relacionados com o banco. E tem em muito a ver”, avaliou.

Os dados que confirmam essa avaliação se referem à busca por tratamentos psicológicos e psiquiátricos relacionados ao trabalho. De acordo com a pesquisa, 34% dos empregados informaram que fazem ou fizeram acompanhamento psiquiátrico; destes, 65% afirmaram que a procura pelo tratamento foi motivada por questões profissionais. Dos 47% que realizam ou realizaram tratamento com psicólogo, 49% foram, também, por motivos relacionados à Caixa.

Em um outro recorte da pesquisa, o adoecimento mental também é a principal causa de afastamento por licença médica. Em 2021, 6% dos bancários estavam afastados, sendo 33% por depressão, 26% por ansiedade, 13% pela síndrome de Burnout e 11% por Síndrome do Pânico.

As causas do adoecimento mental envolvem situações de pressão, ansiedade e assédio, constantemente sofridas pelos empregados, segundo aponta a pesquisa. Mais de 90% dizem que já sentiram muita pressão ou ansiedade no trabalho. 56% já sofreram assédio moral no banco e quase 70% já testemunharam algum episódio desta situação no ambiente de trabalho.

É indiscutível que a forma de gestão, a pressão pelo cumprimento de metas e o assédio provocam o adoecimento. Infelizmente os relatos que recebemos são muito característicos. É um adoecimento sistemático provocado por uma gestão que pune, que assedia e que não se importa com o sofrimento do seu trabalhador.

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