Um estudo do Departamento Intersindical de Estat ística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que a crise sanitária provocada pelo novo coronav írus aumentou a desigualdade entre pessoas negras e brancas no mercado de trabalho.
Em outras palavras, a pandemia aprofundou ainda mais um problema histórico no Brasil: negros e negras precisam superar mais obstáculos no mundo profissional, recebem salários menores e ocupam posições mais vulneráveis às variáveis de mercado.
Pelos dados da Pnad Cont ínua do IBGE, mais de 6,4 milhões de homens e mulheres negros perderam ou deixaram de procurar emprego entre o 1º e o 2º trimestre de 2020 -; entre os brancos, foram 2,4 milhões de pessoas.
Outro dado alarmante dos efeitos da pandemia: dos 8 milhões de trabalhadores que ficaram sem emprego entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano, 71% são negros. Ainda que pessoas pretas ocupem em sua maioria setores que normalmente pagam menos, como a agropecuária (62,7%), a construção e os serviços domésticos (66,6%), dados do IBGE mostram que brancos ganham mais do que pretos em qualquer grau de escolaridade, com destaque para aqueles que possuem n ível superior completo, em que brancos recebem 44,6% a mais por hora trabalhada.
E se no lado “de cima” da cadeia a diferença existe, é na parte “de baixo” que ela se acentua. Entre os 10% com menor renda no Brasil, 77% são pretos e pardos, ou seja, três em cada quatro pessoas.
Ainda que representem a maioria da população brasileira (56,3% conta 42,7% de brancos), são os que recebem menos e se expõem mais à informalidade. “é um grupo que não vai poder ter aposentadoria por tempo de serviço, que não tem direito a licenças remuneradas por afastamento por motivo de saúde ou licença gestante, então são mais vulneráveis em termos de pessoal ocupado”, resume o coordenador da S íntese de Indicadores Sociais do IBGE, João Hallak.
Os dados mostram a importância de datas com o Dia da Consciência Negra para chamar a atenção da sociedade sobre a necessidade de condições para negros e não negros.