Durante coletiva, Jacino fala sobre o espaço do negro no mercado

O militante sindical e integrante do movimento negro, Ramatis Jacino, concedeu entrevista coletiva à imprensa na tarde desta terça-feira, 28, na Câmara de Vereadores de Piracicaba. Jacino reside em São Paulo e esteve na cidade para apresentar a palestra “;O negro e o mercado de trabalho “;. O evento é uma promoção do SINDBAN (Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região), CUT -; Coletivo de Combate ao Racismo e do vereador Paiva.
Durante a coletiva, o militante falou sobre o Inspir (Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial), na qual é presidente, e o papel do órgão na sociedade: reunir os sindicatos com o objetivo de prevenir a igualdade social e evitar a discriminação entre negros e brancos.
A exclusão do negro no mercado de trabalho é foco dos estudos do sindicalista, que é mestre e doutor em História Econômica pela USP. “;A ideia dos meus estudos é que, ao final da escravidão, houve uma exclusão dos negros liderada pelos grandes cafeeiros e l íderes da época, que possu íam uma visão racista de que o negro não tinha capacidade de desenvolver um trabalho que não fosse como escravo. Com isso, organizaram o movimento de imigração de trabalhadores de vários pa íses para tomar aquele mercado de trabalho que era ocupado pelos negros “;, afirmou.
Ainda segundo Jacino, existe uma pesquisa do Instituto Ethos indicando que nas 500 maiores empresas do Brasil e nos cargos mais elevados -; como de chefias e de gerentes -; praticamente inexistem negros. “;Os negros estão em vários cargos, mais aqueles subalternos. O mercado de trabalho discrimina baseado no sexo e cor da pele, principalmente as mulheres. Ganham muito menos com mesmo n ível de escolaridade e capacidade técnica “;, salientou.
Mesmo com tantos problemas de discriminação, Jacino acrescentou que várias ações sindicais estão sendo organizadas, como a própria criação do Inspir, para que esta realidade mude. “;é dif ícil mudar, mas estamos conseguindo avanços significativos, como a aprovação das cotas e a lei de igualdade racial. Muito ainda precisa ser feito, pois existe muita discrição nas relações pessoais e no mercado de trabalho, mas estamos lutando para mudar isso “;.
Uma das ações que poderiam mudar esta realidade, conforme explanou o sindicalista, é a mudança de postura da população. “;Precisamos eleger governantes negros que tenham o compromisso de acabar com a discriminação. Queremos pessoas comprometidas com a promoção da igualdade entre negros e brancos “;.
SERVIçO PúBLICO -; De acordo com o palestrante, no serviço público existe uma espécie de pirâmide, onde a maioria dos cargos de n ível baixo é ocupada por homens e mulheres negros.
A opinião foi compartilhada pelo vereador e presidente do SINDBAN, José Antonio Fernandes Paiva, que salientou que no caso dos cargos comissionados ou de confiança o caráter discriminatório fica ainda mais evidente. “;De todos os diretores de departamentos da Câmara de Vereadores aqui de Piracicaba, por exemplo, quantos são brancos e negros? é este questionamento que queremos fazer, levantar a discussão para o assunto com esta palestra. Despertar um pouco esta temática e iniciar um trabalho de transformação, porque não adianta só fazer o discurso e não colocar em prática “;, acrescentou o vereador.
Texto: Michelle Bottin

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