Coletivo de Mulheres do CONESPI alerta para vulnerabilidade da mulher

O Coletivo de Mulheres do CONESPI (Conselho das Entidades Sindicais de Piracicaba) ocupou a Tribuna da Câmara de Vereadores, na segunda-feira, 14, para relatar a agressão contra a vice-presidente do SINDBAN (Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região), ângela Ulices Savian, e alertar para a vulnerabilidade da mulher, v ítima preferencial da violência. Por não ter ocorrido no campo doméstico, dia 8 de abril no Centro da cidade, o agressor foi solto horas depois de capturado, o que expõe a necessidade de revisão da legislação que envolve a violência contra a mulher brasileira.
Leila Marin Motta Paiva, secretária geral do CONESPI e integrante do Coletivo de Mulheres, afirmou que a violência contra a mulher é um tema que deve ser permanente na pauta das discussões pol íticas. “;O que motivou nossa vinda aqui hoje foi o fato ocorrido com a ângela Savian, dirigente do Sindicato dos Bancários, membro da Confraf -CUT no que tange à pol ítica de gênero, com vasto acúmulo neste campo, que foi covardemente agredida um mês depois do dia 8 de março, quando houveram debates sobre a violência contra a mulher “;, disse. Leila pediu licença aos homens para se dirigir diretamente às mulheres. “;Não que o tema violência contra a mulher não diga respeito a homens. Mas quero falar com as mulheres sobre vulnerabilidade. Não que mulheres sejam frágeis. Mas porque nos foi imposta a vulnerabilidade pela violência gratuita das ruas, que sempre tem como alvo preferencial nós mulheres “;, afirmou.
Segundo Leila, o cidadão que atingiu ângela, se estivesse raivoso, mentalmente perturbado, sob efeito de entorpecentes, não teria escolhido um homem para agredir. “;Como sempre a escolha é por uma mulher. Sempre nós somos a primeira escolha “;, afirmou. O fato ocorrido com a dirigente sindical, embora triste, precisa ser refletido e levou a análises nos dias seguintes. “;O que, de certa forma, fortalece nossa luta “;, disse.
O CONESPI propôs duas reflexões, uma delas é a questão da vulnerabilidade, que independente de classe social, de escolaridade ou acúmulo pol ítico. ângela tem vasto acúmulo pol ítico, conduziu a organização da Semana da Mulher do Sindicato dos Bancários, com apoio da Câmara de Vereadores, promovida pelo mandato do vereador José Antonio Fernandes Paiva, que convidou o Coletivo para participar da Tribuna Popular. “;Mesmo assim, foi ela quem foi atingida. O rapaz já foi solto, porque a Lei Maria da Penha limita-se à relações domésticas. Portanto, qualquer mulher está vulnerável e é alvo prioritário “;, comentou.
O segundo ponto levantado pelo Coletivo de Mulheres é que as duas testemunhas que presenciaram o fato de imediato, perguntaram é o homem era seu marido. “;Percebam, se fosse marido, namorado, companheiro, a violência estaria legitimada, teria automaticamente uma motivação. Mesmo que se soubesse que o homem estava errado em ser violento, põem-se panos quentes, mas o fato é que nós mulheres estamos vulneráveis de maneira geral “;, reafirmou.
Ela destacou ainda que as mulheres dizem combater a violência, ao mesmo tempo têm um comportamento que a permite e, por isso, é preciso um esforço coletivo para descontruir o pensamento machista e conservador. “;Briga de marido e mulher não se mete a colher! Tem sim que colocar a colher, porque a cada seis minutos uma mulher morre no mundo fruto da violência. No Brasil, a cada uma hora e meia uma mulher morre pelo mesmo motivo “;, informou.
A intenção do CONESPI da exposição na Câmara de Vereadores é convidar a mulher para uma reflexão de como se legitima a violência. “;Quando o negro, o homossexual, os marginais são agredidos achamos razões para isso. A gente precisa pensar com mais coerência. A sociedade que a gente quer passa pelo respeito. Em especial nós mulheres que somos estes alvos prioritários, vamos começar a nos apoderar e entender que não somos partes de ninguém e a exigir nossos direitos “;, analisou.
Segundo Leila, em se tratamento de violência doméstica, os dados são alarmantes, mas mais alarmantes são os dados que não são denunciados. “;Em nome do Conespi e das mulheres trabalhadoras quero convidar as mulheres para desconstruir este pensamento conservador. Procure seu sindicato que têm coletivos de mulheres e estão fazendo esta discussão “;, convidou. Ela apontou ainda que a legislação brasileira é muito rica, segundo ONU é a terceira mais rica do mundo. “;No entanto temos que ter pol íticas públicas que entrelacem com esta legislação. Piracicaba já teve Centro de Referência em Proteção à Mulher e é importante discutir sua reativação. O entrelaçamento de pol íticas públicas e o apoio efetivo às mulheres que sofrem violência. Que a gente consiga construir uma sociedade mais respeitosa, a partir do respeito à mulher “;, finalizou.
Texto: Valéria Rodrigues MTB 23.343

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