A mesa de negociação do dia 12 de fevereiro, que debateu a reestruturação implementada pela empresa, foi mais um exemplo da truculência como a Caixa vem tratando o processo. Mesmo cientes da liminar que suspende a reestruturação e com a mesa de negociação em curso, a Caixa manteve o portal de manifestação de movimentações funcionando durante boa parte do dia.
Impasses fizeram a mesa sofrer várias interrupções, e prepostos da empresa, durante todo o dia, tentavam confundir os empregados com informações desencontradas e através de ameaças, todas prontamente denunciadas pela Comissão Executiva dos Empregados (CEE) à representação da Caixa, que tentava dar respostas lacônicas e se esquivar das situações.
A Caixa iniciou sua intervenção na mesa realizando uma apresentação do projeto de reestruturação, com dados que divergiam de apresentações anteriores, como o número atual de algumas funções. Chegou ao cúmulo de errar na conta da quantidade de funções ao desconsiderar o encerramento das GIGAD’s e da estrutura de Superintendências Regionais, considerando a mesma função duas vezes no quantitativo final. Questionada pela CEE sobre o detalhamento da reestruturação por área e por região, a resposta da Caixa foi que eles não possuem a informação.
A Caixa reafirmou em mesa as mudanças na proposta de reestruturação que preveem a flexibilização da lateralidade, extensão do prazo para obtenção de certificações exigidas para o exerc ício das funções, a flexibilização de PSI e da exigência de PSI para os atuais Auxiliares de Atendimento assumirem a função de Assistente de Varejo e a criação das SEH. Estas mudanças (que agora a Caixa tenta vender como proposta) são fruto da pressão, das ações e da cobrança e das cr íticas dos empregados e das entidades representativas.
A Caixa não se comprometeu, porém, em assumir garantias para os empregados que possuem ações judiciais, para os empregados do REG/REPLAN Não Saldado, para os empregados de áreas-meio, não se comprometeu a garantir o lançamento do descomissionamento (para os empregados que não aceitassem assumir por lateralidade ou descenso em outra lotação ou munic ípio) por motivos para os quais o RH 151 (mantido por ação judicial das entidades) prevê a incorporação e nem apresentou soluções adequadas para resolver a situação dos empregados das áreas-meio (CEATE, GIGAD’s/REGAD’s) e SR’s extintas.
Além disso, a Caixa não apresentou respostas conclusivas aos mais de 4 mil questionamentos colhidos pelos representantes dos empregados, e apresentados para ela em mesa de negociação.
O processo de reestruturação proposto pela Caixa, de acordo com a própria empresa, prevê a mudança em seu modelo de negócios, pois enfraquece a atuação da Caixa nas praças mais competitivas do mercado financeiro (de acordo com o “;gabarito “; apresentado, locais como os munic ípios de São Paulo e Rio de Janeiro são os mais atingidos, com São Paulo chegando a perder 15% dos Gerentes PF e PJ e 19% dos Assistentes, e não tendo um acréscimo na função de Gerente de Varejo insuficiente para receber até mesmo os atuais Gerentes de Canais), e foca sua atuação (como visto na apresentação aos SR’s em 20/01) na venda de produtos de seguridade, capitalização, fundos e cartões. Esta reestruturação é, portanto, a receita para a Caixa não incomodar os concorrentes privados e preparar o “;balcão “; para a abertura de capital das subsidiárias.
Ao negar as reivindicações dos empregados, levadas pela CEE, e não assumir o compromisso de apresentar garantias para os problemas e situações apresentadas, a Caixa não nos dá outra escolha a não ser seguir denunciando o processo e pressionando a empresa para que a reestruturação sofra alterações. Foi desta forma que conseguimos que ela modificasse a proposta inicial, e este é o caminho para conseguirmos novas alterações.
Permanecemos abertos ao diálogo, ao contrário da direção da Caixa, que encerrou abruta e unilateralmente as negociações.
Fonte: Apcef