Bancos negam haver metas abusivas e desdenham da saúde dos bancários

Na segunda rodada de negociação da campanha de 2011, iniciada nesta segunda-feira, 5, em São Paulo, os bancos recusaram as principais reivindicações sobre saúde e condições de trabalho apresentadas pelo Comando Nacional dos Bancários, inclusive as relacionadas a metas. Eles negam que haja metas abusivas nas instituições financeiras e questionam até mesmo a veracidade das pesquisas que apontam o aumento do número de adoecimentos na categoria em razão da pressão por aumento da produtividade.
Problema é o modelo de gestão
O Comando Nacional fez uma longa explanação sobre as precárias condições de trabalho hoje nos bancos, apontando a relação direta que existem entre o assédio moral e as metas abusivas, ambos incentivados pelo atual modelo de gestão, o que está levando a um aumento vertiginoso de adoecimentos na categoria e do uso de remédios de tarja preta.
Levantamento do INSS mostra que as doenças mentais, provocadas pela pressão por cumprimento de metas e pelo assédio moral, já se aproximam do número de casos de LER/DORT. Entre janeiro e junho de 2009, por exemplo, 6.800 bancários no Brasil foram afastados por doenças, dos quais 2.030 por LER/DORT e 1.626 por transtornos mentais. Pesquisa da Universidade de Bras ília revelou que houve 181 suic ídios de bancários entre 1996 e 2005, o que dá uma média de 18 por ano.
Para combater o desrespeito dos bancos, os bancários propõem, entre outras coisas, a participação dos trabalhadores na fixação das metas, que devem levar em consideração o tamanho, a localização e o perfil econômico das dependências. O Comando Nacional também reivindicou que não haja meta de venda de produtos para os caixas. E que as metas não sejam individuais nem comparadas por quaisquer tipos de ranking.
Como demonstração de que os bancários não estão suportando a pressão pelo cumprimento de metas e o assédio moral, os dirigentes sindicais apresentaram os resultados da Pesquisa de Emprego realizada pela Contraf-CUT e pelo Dieese com base nos dados do Caged do Ministério do Trabalho, mostrando que mais de 47% dos desligamentos que ocorreram no sistema financeiro no primeiro semestre deste ano foram a pedido.
Bancos não estão preocupados com a saúde dos bancários
Os representantes da Fenaban disseram que o estabelecimento de metas é prerrogativa da gestão das empresas, informaram que a recomendação dos bancos é evitar a divulgação de ranking individual de metas, afirmaram não ser poss ível fazer qualquer relação entre metas, assédio moral e adoecimento dos trabalhadores, e questionaram as metodologias das pesquisas sobre saúde dos bancários. Os banqueiros também declararam que os bancários estão satisfeitos com as metas e que quando um trabalhador sai do banco é para ir trabalhar em outro banco.
“;Mais uma vez os banqueiros não estão preocupados com a saúde do trabalhador, trabalhador este, que deveria ser o principal patrimônio dos bancos. E quando os banqueiros ficam sem argumentos, questionam as pesquisas, e duvidam dos dados do INSS “;, critica o presidente do Sindicato dos Bancários, José Antonio Fernandes Paiva.
Em resposta ao questionamento dos bancos, o Comando Nacional propôs a realização de uma pesquisa nacional conjunta sobre a saúde dos bancários e sobre as metas, além da inclusão na Convenção Coletiva de uma cláusula proibindo a divulgação de rankings individuais sobre cumprimentos de metas. Os negociadores da Fenaban ficaram de levar essas propostas para a avaliação dos bancos.
Assédio moral
O Comando Nacional e os representantes dos bancos concordaram com a retomada imediata da comissão de acompanhamento da cláusula de prevenção de assédio para concluir o balanço dos primeiros seis meses de vigência do programa.
Eliminação de riscos
O Comando Nacional defendeu a cláusula da pauta de reivindicações segundo a qual os bancos não podem manter bancários trabalhando no mesmo ambiente f ísico de agências e departamentos que estejam sendo submetidos à reforma. Os representantes da Fenaban não aceitaram incluir essa cláusula na Convenção Coletiva, afirmando que esse é um tema para discussão empresa por empresa, caso a caso.
Os negociadores dos banqueiros também rejeitaram a reivindicação de manutenção da complementação salarial em valor equivalente à diferença entre a importância recebida do INSS e a remuneração total recebida pelo trabalhador (como salários, comissões, gratificações, adicionais, PLR, como se na ativa estivesse) até a cessação do aux ílio-doença.
A Fenaban recusou também a proposta de que ampliação da licença-maternidade de quatro para seis meses seja automática, sem a necessidade de opção por parte da bancária.
Negociação sobre remuneração será dia 12
A rodada de negociação sobre remuneração foi antecipada pela Fenaban para a próxima segunda-feira, dia 12. Nesta terça 6, a negociação continua sobre segurança bancária.
Fonte: Contraf-CUT

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