A falta de dados por parte dos bancos e a postura dos negociadores da Fenaban impossibilitou avanços na mesa de negociação sobre igualdade de oportunidades da Campanha Nacional Unificada 2014.
O Comando Nacional dos Bancários cobrou da federação dos bancos a divulgação dos dados do II Censo da Diversidade, realizado entre março e maio deste ano. A Fenaban informou que os resultados ainda não foram finalizados e assumiram compromisso de apresentá-los na primeira quinzena de setembro.
Para o Comando, ter acesso a esses dados é fundamental para verificar se algo avançou desde a realização do primeiro censo, em 2008. Dados públicos, como a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), mostram que nada mudou.
A Rais 2012 aponta que existem 17% de pretos e pardos (dados mais recentes) e o Censo divulgado em 2009 aparecia com 19%. Há 14 anos, ou seja, em 2000, a categoria tinha 43% de mulheres e com grau de escolaridade maior e mesmo assim elas continuam ocupando menos cargos diretivos e recebem salários mais baixos.
Atualmente, as mulheres ocupam 49% do total de postos de trabalho e recebem, em média, salários 24% menores que os dos homens. A diferença vem se acentuando ao longo dos anos, já que era de 21% em 1994. Essa realidade é ainda mais injusta quando se observa que as mulheres bancárias têm escolaridade maior que a dos bancários: 75% delas têm n ível superior completo, enquanto entre os homens esse percentual cai para 69%.
DIVERSIDADE -; Os bancos dizem que se esforçam para a contratação de pessoas com deficiência (PCDs), afirmando serem um dos poucos setores que faz isso. De acordo com o negociador da Fenaban, Magnus Ribas Apostólico, apesar de ser dif ícil encontrar pessoas com deficiência com um m ínimo de escolaridade, todos os bancos tem programas espec íficos pra contratar. Também informaram fazer “;esforços “; pra aumentar o número de negros e em especial de mulheres negras, orientando as empresas sobre o recrutamento e contratação desses profissionais, com a preparação dos gestores pra que tenham olhar para a diversidade.
Apesar de afirmar isso, recusaram-se a estabelecer uma cota de pelo menos 20% de negros e negras na categoria. A Fenaban informou ser contra cotas por achar que “;isso não ajuda “;.
Também disseram não ao abono de falta para reparos de órteses e próteses das pessoas com deficiência -; coisa que alguns bancos inclusive já praticam.
PCCS -; O Comando Nacional dos Bancários cobrou plano de carreira, cargos e salários (PCCS) com o objetivo de reduzir as desigualdades. Para a Fenaban isso já existe em todos os bancos, mas se recusam a colocar como garantia para os trabalhadores na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
EQUIDADE -; A adesão dos bancos ao Programa Pró-Equidade de Gênero foi cobrada pelo Comando. O programa federal busca “;garantia da autonomia econômica e social das mulheres como condição estruturante para a transformação das condições de vida e das desigualdades, especialmente daquelas que vivem as discriminações decorrentes da desigualdade social, de gênero e racial “;.
A Fenaban informou desconhecer o programa e que fará o debate com os representantes dos trabalhadores na mesa temática de igualdade de oportunidades.
ASSéDIO SEXUAL -; O combate ao assédio sexual nos bancos foi a única reivindicação da categoria sobre a qual os bancos afirmaram também ser uma preocupação do setor.
LICENçA-PATERNIDADE -; Sobre à reivindicação de ampliação da licença parental (tanto para os pais quanto para as mães, também em caso de relações homoafetivas) para seis meses, os negociadores dos bancos disseram não, alegando que isso só poderia ser convencionado por lei, pela Previdência Social.
Diferença salarial das mulheres cresceu em 20 anos
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