Uma reunião realizada na manhã desta quarta-feira, 30, na sede do SINDBAN (Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região), firmou a posição do Sindicato e do vereador Paiva sobre a campanha #somostodosmacacos. Estiveram reunidos o presidente do Sindicato e vereador José Antonio Fernandes Paiva, a representante do Coletivo de Combate ao Racismo da CUT Regional Campinas, Maria Aparecida Araújo, o representante regional da CUT em Piracicaba, Marcelo Abrahão, a representante da Feeb-SP/MS (Federação dos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul) na GROS da Contraf-CUT, Angela Isabel Ulices Savian, a assessora do Sindicato e membro da comunidade da Vila áfrica, Cássia Patricio, e o jornalista e presidente do IBDESC (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social e Cultural), Ivam Galvão.
A proporção que o ato de racismo e a campanha #somostodosmacacos tomou nas redes sociais durante esta semana preocupou a todos, que manifestaram contrariedade à campanha por fugir do debate mais profundo do combate ao racismo. A reunião realizada nesta manhã foi de caráter extraordinário e novas medidas e articulações serão tomadas até a próxima semana sobre o assunto.
O presidente do IBDESCC, que agora está residindo em Piracicaba e tem ra ízes na cidade, afirmou que esta campanha lançada por atores, apresentadores e jogadores de futebol #somostodosmacacos é uma forma de tentar tirar o foco da discussão que é muito mais abrangente, já que o racismo está em pauta. “;é muito mais profundo do que usar uma banana e chamar a todos de macacos. Envolve o racismo, a forma como fomos criados e educados e como mudarmos essa concepção “;, afirmou Galvão.
Paiva acrescentou que este não foi um ato de pré-conceito, mas de racismo que precisa ser tratado com a devida importância que merece. “;Nos reunimos hoje porque a proporção que tomou esta campanha encabeçada pela m ídia está nos preocupando muito. Tomamos -; sindicato e mandato -; uma posição ágil e ousada trazendo o jornalista Ivam Galvão para o debate sobre o tema e com o intuito de tomarmos uma posição porque o assunto merece esta preocupação “;, afirmou.
O presidente do SINDBAN acrescentou que após o ato de racismo contra o jogador deveria ter sido criada uma campanha afirmativa contra o racismo, não midiática e o Sindicato atento a estas questões desde sua criação, encaminhou documentos aos órgãos a ele vinculados -; GROS e Coletivo do Combate ao Racismo da CUT Regional -; afirmando sua indignação quanto a esta campanha midiática que não reflete a realidade brasileira. “;Nosso Sindicato se preocupa com todo e qualquer tema referente a gênero, raça e orientação sexual. Temos dados concretos sobre o racismo na nossa categoria, através do Perfil Bancário -; criado pelo Sindicato para traçar o perfil da categoria -; e com estes dados aplicamos ações e o enfrentamento há muitos anos “;, salientou.
CONHECIMENTO DE CAUSA -; Maria Araújo afirmou durante a reunião que “;o racismo que muito me preocupa e, infelizmente, vem ganhando força no Brasil, é o racismo que promove o linchamento social do negro, é o racismo que historicamente aparta os negros do acesso ao ensino de qualidade, aos melhores postos de trabalho, e os encarcera nas favelas e sistemas prisionais brasileiros, este é o racismo que me incomoda, o racismo institucional que trucida a juventude pobre e promove uma limpeza étnica nas zonas periféricas das cidades brasileiras e com o apoio dos mesmos meios de comunicação que hoje fazem escândalo por uma banana atirada por um racista num campo de futebol “;.
Para Maria, a verdadeira luta que deveria ser encabeçada por todos é a de igualdade social e racial. “;Estas são nossas lutas diárias. Estas são nossas bandeiras. Lutamos por igualdade racial e social neste pa ís, pois, uma não exclui a outra. Oportunismo midiático, não “;, finalizou.
Abrahão, que é diretor do Sindicato e membro do Coletivo de Combate ao Racismo, também explanou sua indignação quanto aos fatos registrados nos últimos dias. “;Embora sendo pessoas ligadas a grande m ídia e formadoras de opinião, se aproveitaram de um fato de repercussão mundial para se beneficiarem, pois fatos como este ocorrem diariamente no Brasil. Neste momento eu questiono: porque não levantaram bandeiras a este respeito anteriormente? Faltava status? “;, finalizou.
Texto: Michelle Bottin DRT/PR 7704
Fotos: Elison Godoy Ferreira