Negociação com bancos não avança e Comando reforça mobilização

A segunda rodada de negociações da Campanha 2013, que tratou de saúde e condições de trabalho, emprego e igualdade de oportunidades, terminou na sexta-feira, 16, como começou na quinta: com os bancos rejeitando todas as reivindicações dos bancários apresentadas pelo Comando Nacional.
“;Como acontece todos os anos, os banqueiros só agem sob pressão. Na próxima semana não haverá negociação. Por isso é importante que todas as nossas entidades intensifiquem a preparação do Dia Nacional de Luta no dia 22, com passeatas em todo o pa ís, e da greve geral do dia 30 convocada pelas centrais sindicais “;, afirmou Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários.
Os bancos, que na quinta-feira já haviam rejeitado as reivindicações sobre o fim das demissões imotivadas e da rotatividade e sobre o respeito à jornada de 6 horas, nesta sexta-feira recusaram também as demandas relativas às terceirizações, aos correspondentes bancários, à criação de comissão para acompanhar mudanças tecnológicas e ao projeto dos bancários sobre ampliação do horário de atendimento ao público, além da implementação de medidas práticas para coibir discriminações e promover a igualdade de oportunidades.
BASTA DE TERCEIRIZAçãO -; A reivindicação dos bancários é que os bancos suspendam a implantação de quaisquer projetos de terceirização e recontratem como bancários os terceirizados dos setores de recursos humanos, compensação, tesouraria, caixa rápido, home banking, autoatendimento, teleatendimento, cobrança, cartão de crédito, retaguarda, concessão de crédito e atendimento direto ao cliente com produtos e serviços bancários.
Os bancos rejeitaram a proposta. A Fenaban, ao contrário, quer terceirizar todo o serviço bancário. São os bancos que estão coordenando a bancada empresarial na mesa quadripartite (que inclui ainda trabalhadores, governo e parlamentares) que está discutindo o PL 4330 que regulamenta a terceirização e precariza o trabalho. Se o PL for aprovado, o sistema financeiro estará livre para terceirizar os caixas e gerentes.
CORRESPONDENTES BANCáRIOS -; Os representantes patronais também recusaram a demanda para que os bancos universalizem o atendimento bancário para todos os munic ípios do pa ís, dentro de um processo de inclusão bancária, assegurando indistintamente a prestação de todos os serviços, que devem prestados por bancários em agências e PABs, visando garantir qualidade de atendimento, segurança e proteger o sigilo bancário.
COMISSãO SOBRE MUDANçAS TECNOLóGICAS -; Com o objetivo de impedir demissões, os bancários querem criar comissão bipartite sobre mudanças tecnológicas para debater, acompanhar e apresentar propostas diante de projetos de mudança tecnológica e organizacional das empresas, reestruturação administrativa e introdução de novos equipamentos.
Os negociadores dos bancos recusaram a criação da comissão, alegando que cada instituição tem sua própria pol ítica tecnológica, e propuseram a realização de um seminário sobre o tema.
ATENDIMENTO E FILAS -; Os bancos recusaram tanto a reivindicação para a criação de dois turnos de trabalho, a fim de viabilizar o cumprimento do horário de atendimento ao público das 9h às 17h – com proibição de abertura das agências aos sábados, domingos, feriados e per íodo noturno – quanto a demanda para que tomem medidas para diminuir o tempo de espera dos clientes e usuários nas filas, inclusive com contratação de pessoal, evitando que o tempo de espera ultrapasse a 15 minutos.
PROMOçãO DA IGUALDADE DE OPORTUNIDADES -; A reivindicação dos bancários é que os bancos tomem medidas concretas para democratizar o acesso e as promoções nas empresas, garantindo que mulheres, negras, ind ígenas, homoafetivos e deficientes tenham igualdade de condições de contratação, independente de idade e condições socioeconômica. A ascensão profissional deve ser a partir de critérios objetivos, transparentes e democráticos.
As empresas, além disso, precisam incorporar o respeito à igualdade de tratamento entre mulheres e homens como um valor organizacional, devendo, para tanto, adotar medidas preventivas e planos de ação para a eliminação de quaisquer práticas discriminatórias nos locais de trabalho.
E pela primeira vez, os bancários inclu íram na pauta cláusula reivindicando que seja assegurado no quadro de empregados de cada banco o percentual m ínimo de 20% de negros e negras.
Os negociadores da Fenaban concordam em geral com os diagnósticos sobre a necessidade de promoção da igualdade de oportunidades, mas argumentam que isso deve acontecer naturalmente e se recusam a adotar medidas objetivas e concretas.
CALENDáRIO DE LUTA
Agosto
19 – Segunda rodada de negociação entre Comando e Caixa
19 e 20 – Primeira rodada de negociação entre Comando e Banco da Amazônia
22 – Dia Nacional de Luta, com passeatas dos bancários
23 – Segunda rodada das negociações espec íficas do Banco do Brasil
26 e 27 – Terceira rodada de negociações entre Comando e Fenaban
28 – Dia do Bancário, com atos de comemoração e de mobilização
29 – Terceira rodada de negociação espec ífica entre Comando e BB
30 – Paralisação nacional das centrais sindicais pela pauta da classe trabalhadora
Setembro
3 – Previsão de votação do PL 4330 da terceirização na CCJC da Câmara
Fonte: Contraf-CUT/ Foto: Jailton Garcia/Contraf-CUT

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