ITAU e UNIBANCO não mostram estratégia para emprego

Presidentes do Unibanco e do Itaú falam em crescimento de postos, mas não dizem como isso vai ser feitoSão Paulo -; O discurso estava ensaiado, e as frases, feitas. “Não há programa de demissão. Nossa intenção é pelo menos manter o número de agências”, diz Roberto Setúbal, presidente do Itaú. “Estamos fazendo esse negócio olhando para o crescimento, não para a redução”, acrescenta Pedro Moreira Salles, presidente do Unibanco. Na hora, porém, de demonstrar como manter os empregos, Setúbal soltou um evasivo “vai depender do crescimento da economia”. Salles ficou em silêncio. Os dois banqueiros apresentaram na tarde desta segunda, dia 3, em entrevista coletiva, alguns detalhes sobre a fusão entre os dois bancos anunciada pela manhã. Tempo para pensar em uma estratégia que mostrasse efetivamente como manter os empregos não faltou. Segundo Salles, as conversas diretas a esse respeito foram retomadas em agosto do ano passado, mas a fusão é ventilada há pelo menos 10 anos. Pelo exposto durante a entrevista, nesses 15 meses de conversas efetivas e reservadas, ora na mansão dos Setúbal ora na dos Moreira Salles, não houve espaço para os trabalhadores, os maiores agentes da lucratividade dos bancos. Durante as quase duas horas de esclarecimentos, eles falaram, com a segurança de horas de debates, sobre fundamentos de todo o tipo de estratégia para a nova instituição: troca de t ítulos entre os acionistas, absorção dos clientes, financiamento de empresas dentro e fora do Brasil, novos campos de atuação, avaliações da crise mundial para viabilizar o negócio, das carteiras de crédito, do mercado brasileiro. Até os primeiros passos das estratégias de marketing e das ações sociais dos bancos tiveram espaço na entrevista. Estimativas para os novos empreendimentos também não faltaram: a carteira de crédito deve chegar a R$ 225 bilhões; a alavancagem fica perto do 5 e oíndice de Basiléia nos 15. A internacionalização deve focar-se na América Latina -; destacadamente no Peru e na Colômbia -; e não na ásia, “pois é um lugar com uma cultura bem distinta”. Já a geração de empregos: “vai depender da economia brasileira”. O motivo para não apresentar nada sobre a geração de empregos, ou pelo menos a manutenção dos mais de 100 mil que somam Itaú e Unibanco, pode estar na frase que Moreira Salles deixou escapar: “nesse per íodo de 15 meses discutimos, eu e o Roberto, apenas o que julgamos realmente importante”.

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