Despesas reduzem em 33% lucro da Nossa Caixa

O lucro l íquido caiu 33,2% para R$ 303,1 milhões, pressionado por um forte aumento das despesas operacionais não diretamente ligadas ao negócio, como a aquisição da folha de pagamento dos servidores do governo de São Paulo, que custou R$ 2,084 bilhões, e provisões para questões c íveis e trabalhistas. No segundo semestre, o banco ficou no vermelho com perdas de R$ 82,4 milhões. O resultado inclui R$ 388,3 milhões l íquidos relativo à ativação de créditos tributários.
As ações da Nossa Caixa despencaram 4,59% para R$ 23,55 ontem, dia em que oíndice Bovespa recuou 0,8%.
A carteira de t ítulos sempre ocupou boa parte dos ativos da Nossa Caixa e atingiu a posição mais expressiva após a reestruturação do banco controlado pelo governo paulista no Plano Real. Na época, o elevado estoque de t ítulos estaduais praticamente sem valor, formado no financiamento da d ívida do Estado, foi substitu ído por papéis federais que deram bons lucros nos tempos de juros elevados.
Com a queda gradual dos juros, a Nossa Caixa, assim como os demais bancos, vem buscando ampliar a carteira de crédito para melhorar os resultados. No último trimestre de 2007, o crédito finalmente superou os t ítulos como fonte de receita, com 40,9% para 40,5%. No final de 2006, o crédito respondia por 38,6% das receitas e os t ítulos, por 44,5%.
Apesar do esforço, a Nossa Caixa aumentou o crédito em 2007 menos do que a média do mercado. A carteira total cresceu 21,9%, de R$ 7,2 bilhões em 2006 para R$ 8,7 bilhões em 2007. Os ativos totais atingiram R$ 47 bilhões. O crédito com recursos livres cresceu 32,2% na média de mercado em 2007. “O volume de operações ainda é pequeno para um banco de varejo”, reconheceu Melo Santos.
A carteira de pessoas f ísicas cresceu 23,2% em comparação com 33,1% na média de mercado com recursos livres, passando de R$ 5,4 bilhões para R$ 6,6 bilhões, com destaque para o consignado, que subiu 33,3%, de R$ 2,5 bilhões para R$ 3,4 bilhões. Já a carteira de pessoas jur ídicas aumentou 18,1%, de R$ 1,8 bilhão a R$ 2,1 bilhões.
Mas, a Nossa Caixa tem planos ambiciosos para 2008. Um deles é aumentar em 35% a carteira de pessoas f ísicas, inclusive com a compra de operações de consignado de outros bancos e contratando vendedores de crédito. Segundo Melo Santos, alguns convênios já estão sendo acertados.
Em outra frente, o banco quer ampliar em 50% a carteira de pessoa jur ídica, explorando o portfólio de fornecedores do governo estadual. Para isso, a direção do banco já vem contatando empresas estaduais como a Sabesp e Dersa , oferecendo crédito para seus fornecedores, garantidos pelos receb íveis das companhias.
A receita de intermediação financeira cresceu menos de 2% para R$ 6,586 bilhões; e o resultado bruto da intermediação financeira recuou 0,2% para R$ 2,937 bilhões.
A Nossa Caixa precisa ampliar as receitas para cobrir as despesas que ainda continuarão elevadas neste ano, embora provavelmente abaixo do patamar de 2007, quando atingiram R$ 1,094 bilhão, duas vezes e meia a conta de 2006.
A conta mais salgada foi referente às despesas com provisões para contingências c íveis, isto é, para cobrir a demanda de depositantes que reclamam a correção dos efeitos do Plano Bresser, Verão, Collor I e II em depósitos de poupança ou judiciais. Essas despesas saltaram 110% para R$ 492,8 milhões, em comparação com os R$ 233,9 milhões de 2006, com o final, em maio, do prazo de 20 anos para esse tipo de reclamação.
Melo Santos espera que o pico desse tipo de demanda já passou. O auge, disse, foi em setembro, quando o banco teve que fazer R$ 75 milhões em provisões para cobrir essas demandas. No mês seguinte, a conta caiu para R$ 50 milhões. Em janeiro ficou estável em R$ 30 milhões, como dezembro.
Outra conta salgada, que deve até crescer neste ano, é a da compra da folha de pagamento do governo estadual, que está sendo amortizada mensalmente ao ritmo de R$ 34,7 milhões. Em 2007, a conta envolveu nove meses, totalizando R$ 317,231 milhões porque a operação foi feita em abril. Neste ano, a conta aumenta porque envolverá doze meses. O prazo total de amortização é de 60 meses.
A Nossa Caixa não descarta ativar mais crédito tributário, disse Melo Santos. Mas aposta também no aumento da receita com crédito e ganhos proporcionados pelos novos clientes. A folha do governo estadual inclui cerca de 1,1 milhão de pessoas, das quais 550 mil, principalmente aposentados, já recebiam pela Nossa Caixa. Os 600 mil restantes são funcionários da ativa, que antes recebiam pelo Santander Banespa . Cerca de 70% dos pagamentos recebidos por esses novos clientes já ficam no banco.

Maria Christina Carvalho, de São Paulo
Valor Econômico – 20/02/2008

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