A Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB) cobrou da direção do banco, em reunião virtual realizada na segunda-feira (6), a suspensão imediata da reestruturação em curso no âmbito do chamado Movimento de Aceleração Digital (MAD). O programa foi lançado na sexta-feira (3) sem qualquer diálogo prévio com as representações sindicais e prevê, entre outras medidas, a ampliação da jornada de trabalho de seis para oito horas para cerca de 25% dos cargos de assessoramento – assessores I, II e III – em áreas consideradas estratégicas.
Segundo o movimento sindical, a decisão do Banco do Brasil gerou um ambiente de insegurança entre os funcionários, que temem que essas mudanças sejam apenas o início de uma reestruturação mais ampla. A principal preocupação é com a possibilidade de que outras áreas também venham a ser afetadas, colocando em risco a manutenção da jornada de seis horas – uma conquista histórica da categoria bancária.
Durante a reunião, representantes da CEBB criticaram a forma unilateral com que o programa foi implementado, sem consulta ou negociação com os trabalhadores, e a falta de informações concretas por parte do banco. A direção do BB informou que pouco mais de 100 funcionários foram impactados inicialmente, mas não apresentou dados detalhados, tampouco consolidou os números até a data da reunião. A comissão reivindica acesso aos dados completos, organizados por estado e por unidade, para compreender a real dimensão do impacto e adotar medidas de defesa do funcionalismo.
Apesar de o banco afirmar que o novo modelo atinge apenas unidades estratégicas — excluindo agências, PSOs e caixas —, a CEBB considera o MAD como mais uma reestruturação disfarçada, com potencial de expansão para outras áreas. A comissão argumenta que, embora o programa comece com áreas estratégicas, não há garantias de que outras regiões ou setores não serão afetados no futuro.
De acordo com o próprio Banco do Brasil, a maior concentração dos funcionários impactados está em Brasília, com menor incidência em São Paulo e casos isolados no Rio de Janeiro.
O movimento sindical destaca ainda que a ampliação da jornada ocorre em um momento em que a sociedade e diversas instituições defendem a redução da carga horária como forma de melhoria da qualidade de vida e geração de empregos. Nesse contexto, a decisão do banco vai na contramão do debate público, ao aumentar a jornada para parte dos comissionados.
A CEBB reforça que continuará cobrando transparência, diálogo e respeito aos trabalhadores. A instituição afirma que não aceitará medidas que resultem em ampliação de jornada, perda de direitos ou desestruturação de equipes, e defende que o banco escute os profissionais que estão na linha de frente e reconheça o papel das entidades sindicais.
Para o diretor do Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região, Lucas Passos de Lima, a postura do Banco do Brasil é inaceitável diante da falta de diálogo com os representantes dos trabalhadores. “O banco não pode impor mudanças estruturais que ampliam jornada, geram insegurança e desestruturam equipes sem ouvir quem está na linha de frente. Não daremos trégua a nenhuma medida que ataque direitos ou aumente a pressão sobre os funcionários. Seguiremos cobrando que o banco trate com seriedade os temas que afetam o funcionalismo, como as metas abusivas, o custeio da Cassi — que está em negociação, mas ainda sem proposta concreta — e a situação dos incorporados, que precisa ser resolvida. É lamentável que, num momento em que deveríamos avançar nas soluções, o banco escolha aprofundar os ataques. As entidades sindicais merecem respeito, e nós vamos continuar pressionando para garantir isso”, afirmou Lucas.