O fisioterapeuta, Gabriel Giacoia Posse, 34 anos, é formado há 14 anos e é especialista em osteopatia pelo Conselho Federal de Fisioterapia desde 2019. Integrante do Núcleo de Saúde e Qualidade de Vida do Sindicato dos Bancários de Piracicaba e região (SindBan), ele explica que, “a osteopatia é um método de diagnóstico e tratamento que utiliza a terapia manual para corrigir alterações de mobilidade tecidual, causa do surgimento de muitas enfermidades, o tratamento se baseia no conhecimento profundo da anatomia, fisiologia e biomecânica corporal e é indicada para todas as idades”, esclarece o especialista.
Ao buscar um osteopata, destaca que o paciente é avaliado como um todo, o que permite corrigir a causa do problema que pode estar relacionado aos sistemas: biomecânico, circulatório, psicossocial, neurológico e metabólico, avaliando a mobilidade geral dos tecidos do organismo, corrigindo as restrições, promovendo a autocura do corpo, proporcionando conforto, equilíbrio e qualidade de vida ao paciente.
No SindBan, o fisioterapeuta realiza atendimentos para diferentes problemas e disfunções, como: dor cervical, tendinites, entorse de tornozelo, hérnia de disco, alterações viscerais, como constipação intestinal, gastrite, e até assimetrias cranianas e torcicolo congênito em recém-nascidos. “Tenho orgulho de fazer parte de uma equipe multidisciplinar constituída pelo presidente do Sindicato dos Bancários onde reunimos 2 osteopatas, 1 quiroprata, 5 psicólogos, 1 nutricionista e uma assistente social, pelo que tenho conhecimento é uma proposta inédita no movimento sindicato brasileiro”, diz Gabriel.
Sobre as maiores reclamações dos pacientes, Gabriel conta que, “no geral são em relação a coluna vertebral, destacando a dor lombar. No caso dos bancários as queixas incluem, dor cervical, ombros, cotovelos e esforços repetitivos, causando fadiga muscular”.
Sobre o trabalho que ele realiza em bebês, o fisioterapeuta considera importante que eles passem por uma avaliação nos primeiros meses de vida, buscando identificar assimetrias cranianas, torcicolo congênito, dificuldade de sucção na amamentação e sintomas viscerais como refluxo e disquesia, que é a dificuldade de evacuar.
As assimetrias cranianas podem ser definidas como qualquer deformidade que atinge o formato do crânio do bebê. Podem decorrer de um fechamento precoce das suturas cranianas, as chamadas sinostóticas, levando assim a deformações e achatamentos no crânio, sendo um tipo raro de deformidade. As assimetrias não-sinostóticas ou posicionais, ocorrem em função de um tempo de exposição prolongado em uma mesma posição, gerando maior compressão local e rigidez, fazendo com que o cérebro se expanda para outras áreas, ocasionando deformações no crânio do recém-nascido, os tipos mais comuns são plagiocefalia, braquicefalia e dolicocefalia.
O especialista conta que, em casos moderados e graves, as assimetrias não são corrigidas naturalmente, persistindo ao longo dos anos e podendo gerar problemas na mastigação, alterações na articulação temporomandibular e assimetria facial. “É importante informar que é comum crianças com assimetria apresentarem atraso no desenvolvimento motor, mas não podemos afirmar que a assimetria gera atraso no desenvolvimento, normalmente um bebê que fica mais tempo na mesma posição, é menos estimulado e isso pode explicar esse atraso motor, é preciso investigar”, conclui o osteopata.
O fisioterapeuta, Gabriel Posse, sugere que, quando os cuidadores observarem deformações no crânio do bebê, procurem ajuda com o pediatra, fisioterapeuta ou osteopata, o mais urgente possível. As assimetrias congênitas são raras, mas em muitos casos a indicação é cirúrgica. Já as posicionais devem ter tratamento conservador, associando osteopatia, fisioterapia e orientações de posicionamento aos cuidadores, podendo ainda em casos mais severos, ser indicada a órtese (capacete).
Sobre o tratamento por meio da osteopatia, ele explica que, “avaliamos a criança, quantificando e classificando a severidade, leve, moderada ou grave, por meio de medições com um equipamento chamado, craniômetro e fazemos cálculos para chegarmos aos índices de classificação”, explica Gabriel Posse.
A partir daí, são realizadas as recomendações aos cuidadores em relação aos posicionamentos que devem ser evitados em casa e os que ajudam a corrigir, por exemplo, se o bebê apresenta achatamento maior do lado direito da cabeça, é preciso evitar deitar o bebê desse lado, retirando assim a compressão constante dali. Além de agendar sessões periódicas de acordo com a classificação do problema, o que levará a intervenções no crânio, coluna vertebral ou vísceras, contribuindo assim para correção e facilitando o movimento do corpo.
A respeito da órtese, Gabriel Posse, esclarece que, “após a identificação do grau e severidade da assimetria, se o tratamento associado a osteopatia, fisioterapia e reposicionamento não for efetivo para correção total, pode ser indicado o uso de órtese, aí avaliamos, escaneamos em 3D o crânio do bebê e indicamos as medidas para produção do capacete. O trabalho ideal é realizado junto com o pediatra, e é recomendado a colocação no período de 4 a 6 meses de vida do bebê, no caso do grau moderado a severo”, esclarece o especialista.
A recomendação é que o tratamento seja iniciado até os 2 meses de vida. Se for observado um grau leve, é possível espaçar as sessões para um tempo maior. No caso de grau moderado e severo, a indicação é que os atendimentos sejam semanais. Associar a fisioterapia convencional também é importante, para o trabalho e manutenção do desenvolvimento motor do bebê. É preciso acompanhar e fazer avaliações a cada 1 ou 2 meses, sendo possível observar melhora dos parâmetros da assimetria.
A assimetria pode ser resolvida sem que o bebê tenha sequelas ou problemas futuros, já que se avaliado de forma precoce, bem orientado e a família aderindo ao tratamento, a assimetria normalmente é corrigida para um parâmetro considerado leve e que não implicará em grandes alterações no futuro.
Os cuidadores dos bebês, são fundamentais durante o tratamento e recebem orientações em relação a exercícios que podem ser realizados em casa para ajudar na resposta ao tratamento, além das orientações de reposicionamentos, que ajudam a compreender o que está atrapalhando ou agravando o processo, além dos manejos em relação à criança.
Gabriel Posse, nota que, “hoje em dia a osteopatia tem sido muito procurada pelas mães e recomendada por pediatras, realizando um trabalho em conjunto com a equipe multidisciplinar e alcançando resultados importantes”, comemora Posse.
E, ele ainda comenta que, ao notar algum problema ou deformidade, os cuidadores não devem se desesperar, “é importante manter a calma e buscar avaliação com um profissional capacitado, as assimetrias podem ser tratadas, o que vai ajudar a não comprometer a qualidade de vida do bebê. É muito importante que a criança não fique muito tempo na mesma posição, alternando as posturas.
O sucesso de qualquer tratamento depende, em primeiro lugar, do desejo do paciente em se tratar; em segundo, da adesão à proposta terapêutica do profissional; e, por fim, de uma avaliação detalhada que considere o paciente de forma integral, permitindo identificar a principal disfunção ou problema que está comprometendo sua qualidade de vida.
No caso dos bebês, o olhar da mãe é sempre o caminho mais rápido para identificar o que precisa ser avaliado e tratado. Nós somos a ponte entre as mães e seus filhos, encurtando uma distância que, embora muitas vezes pareça longa, é reconfortante.