O Santander anunciou por meio de um comunicado aos funcionários, que vai terceirizar toda a área de manufatura do banco.
O movimento sindical estima que, em um primeiro momento, cerca de 1,7 mil trabalhadores, hoje lotados no Radar Santander, em sua maioria, e parte na Torre e no Conexão, deixarão de ser funcionários do banco e passarão a ser funcionários da “SX Tools”, uma empresa criada pelo próprio banco.
Desde a manhã desta sexta-feira estão ocorrendo diversas reuniões internas com as áreas atingidas para informar que a transferência terá início já na segunda-feira (3), mas, até poucos dias, o banco dizia que haveria apenas uma transferência de local físico da área. A mudança pode afetar contrato de trabalho, representação sindical e direitos dos trabalhadores garantidos pela Convenção Coletiva de Trabalho da categoria.
Um processo de diálogo e de negociação permanente pressupõe transparência e credibilidade. A direção do Santander não tomou a decisão de terceirizar centenas de funcionários, e muito menos formulou essa mudança de um dia para o outro.
Essa alteração em um período tão curto, informando os trabalhadores na última hora e sem negociação prévia, sinaliza que o banco não respeita o processo negocial coletivo, não está aberto ao diálogo e tampouco respeita os trabalhadores que serão submetidos a alterações profundas nos seus contratos de trabalho, podendo resultar em perdas significativas de salário e de direitos.
A secretária de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Rita Berlofa, disse que o movimento sindical não medirá esforços para garantir o direito e a representação sindical dos trabalhadores.
“O Santander é um dos bancos mais lucrativos do Brasil, de onde ele tira aproximadamente 28% de seu lucro mundial. Mesmo assim, é insensível à crise pela qual passa nosso país. Não faz nada para tentar amenizar o problema e ainda cria outros, com a retirada de direitos e redução de salários de seus funcionários para conseguir obter ainda mais lucro”, disse Rita. “Além disso, tem práticas antissindicais e é pouco confiável na relação com a representação dos trabalhadores”, completou.
Clima de circo – Em reunião, os representantes do banco apresentaram as novas condições aos bancários de forma efusiva e sensacionalista, em uma tentativa de fazer os trabalhadores se posicionar favoravelmente e induzi-los a acreditar que as mudanças serão benéficas.
O tom da apresentação da mudança foi vergonhoso, em uma tentativa de convencer os trabalhadores a acharem incrível que, a partir de segunda-feira, perderão os direitos e conquistas garantidos pela Convenção Coletiva de Trabalho de uma das categorias mais organizadas do país. Ou seja, perder direito no Santander virou festa, porque, com isso, o banco reduzirá custos e aumentará seus lucros. Os trabalhadores que nos procuraram disseram que se sentem enganados e traídos pelo banco.