Câmara Federal aprova volta das gestantes ao presencial expondo-as à covid-19

Em vez de defender as mulheres, é um projeto misógino, contra as mulheres. Nem aquelas com comorbidades estarão protegidas. Projeto aprovado pela Câmara dos Deputados, prevendo o retorno de grávidas ao trabalho presencial, após a vacinação segue agora à sanção de Jair Bolsonaro. As gestantes fazem parte do grupo de risco.

Esse projeto coloca em risco a vida da gestante e do bebê. Segue a postura do governo Bolsonaro e seus aliados de negarem a gravidade da pandemia.

Entenda melhor – A lei 14.151/21, atualmente em vigor, protege a gestante e a criança garantindo o afastamento do trabalho presencial com remuneração integral durante a emergência de saúde pública do novo coronavírus.

O substitutivo que muda a lei é de autoria de uma deputada, Paulo Belmonte (Cidadania-DF), e permite o trabalho à distância apenas se a gestante não tiver sido totalmente imunizada. Hoje, não há esse critério, até porque a vacinação não impede totalmente o contágio.

O projeto não é só completamente equivocado, como também fora de hora. Estamos num momento de aumento no número de mortes pela Covid-19 e todas as suas variantes. O Movimento Sindical negocia a continuidade do home office para preservar a vida das trabalhadoras e dos trabalhadores.

Mudança pode matar – A alteração é um absurdo total, covarde e desumano, e se encaixa na política genocida do governo.

Uma pesquisa do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) com 400 mil mulheres com coronavírus, 23.434 das quais grávidas, chegou à conclusão de que a gestação é fator de alto risco de agravamento da Covid-19.

A chance de uma gestante ser internada em UTI foi 62% maior que a de mulheres da mesma faixa etária. A de intubação foi 88% maior.

O estudo, publicado por pesquisadoras brasileiras, mostra que grávidas infectadas pelo novo coronavírus correm mais risco de desenvolver pré-eclâmpsia, condição caracterizada pelo aumento persistente da pressão arterial materna durante a gestação ou no período pós-parto e que pode trazer graves complicações para a mãe e o bebê. O trabalho foi publicado na revista Clinical Science.

As pesquisadoras analisaram um conjunto de dados já publicados e concluíram que a presença do vírus no organismo pode provocar alterações nos níveis da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2, na sigla em inglês, proteína à qual o patógeno se conecta para invadir a célula humana) e, consequentemente, interferir nos sistemas que dependem dessa molécula para regular a pressão arterial.

A partir dos estudos feitos até agora sobre a infecção pelo Sars-CoV-2 em gestantes e sobre o papel da ACE2 na placenta, pode-se afirmar que mulheres grávidas correm mais risco de desenvolver a forma grave da Covid-19 do que as não grávidas.

A mortalidade é maior entre as gestantes com a doença, sendo que o Brasil apresenta uma das maiores taxas de mortalidade por Covid-19 entre grávidas do mundo. Além disso, as gestantes com a doença são mais suscetíveis à pré-eclâmpsia e ao parto prematuro.

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