Debate sobre o balanço da Caixa mostra o quanto ela é importante para o país

O balanço da Caixa Econômica Federal de 2020 foi analisado, na noite desta quarta-feira (14), pelo economista Sergio Lisboa, técnico do Departamento Intersindical de Estat ística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em evento online realizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae).

Gustavo Tabatinga Jr, secretário-geral da Contraf-CUT, explicou que a atividade desta noite, assim como as do restante da semana, têm o objetivo de informar e instrumentalizar os dirigentes sindicais na defesa dos bancos públicos.

“;é um projeto muito gratificante para nós, pois possibilitamos que os nossos dirigentes sindicais e todo o público bancário tenham acesso a informações detalhas e se informem mais claramente sobre como os bancos públicos são importantes para o Brasil. Com esse tipo de informação, não tem como os brasileiros não perceberem o papel da Caixa junto à população. é por isso que queremos disseminá-las, para que mais gente se una a nós na defesa dos bancos públicos. “;

Sérgio Takemoto, presidente da Fenae, garante que o interesse despertado pelos debates, mostra que este tipo de evento é o caminho certo para as entidades.

“;Temos que chamar cada vez mais gente para nossos debates. Principalmente, neste momento de ataques aos bancos públicos. Nessa hora, é muito importante saber analisar o balanço dos bancos, para vermos como são importantes num de momento de crise, como o que vivemos com a pandemia do coronav írus. Hoje, assim como sempre foi em todos os momentos dif íceis para o Brasil, os bancos públicos são as principais ferramentas de desenvolvimento social e econômico para sair da recessão e voltar a crescer. “;

O mediador da noite, Jair Pedro Ferreira, diretor de Formação da Fenae, revelou que esse trabalho feito pelas entidades são desdobramentos dos cursos de formação de bancos públicos. “;Este tipo de iniciativa deve ser repercutido em todos os estados, para cada vez mais abrangermos mais gente. “;

Rita Serrano, conselheira eleita para o Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal, diz que muito importante saber fazer este tipo de análise, pois a Caixa mudou drasticamente nos últimos anos. “;é fundamental a gente se atualizar, sabermos de qual banco estamos falando hoje. “;

Para ela, o balanço mostra qual a intenção do controlador do banco e qual o papel que o banco terá nos próximos anos. As devoluções dos Instrumentos H íbridos de Capital e D ívida (IHCD) são um exemplo.

O IHCD é um tipo de contrato de empréstimo para reforçar o capital das instituições financeiras. Entre 2007 e 2013 a Caixa realizou seis contratos de IHCD junto ao Tesouro Nacional para permitir a ampliação da oferta de crédito, a diminuição da taxa de juros e o aumento da capacidade do banco em investimentos na habitação, saneamento, infraestrutura, entre outros.

Rita explicou que essas operações são benéficas para os dois lados porque o banco utiliza o recurso como capital para investimentos e o Tesouro recebe juros e correção em alguns contratos. “;Esses contratos foram feitos com objetivo definido. No caso da Caixa, tem um contrato destinado a investimentos em habitação social e outro em saneamento. Então foram usados para capitalizar os bancos para investirem no desenvolvimento do pa ís “;, explicou.

A Caixa já devolveu R$ 11,35 bilhões de um total de R$ 40 bilhões. Na semana passada, a Caixa aprovou a devolução do restante -; cerca de R$ 33 bilhões (somados aos juros e correção previstos em alguns contratos), após o Tribunal de Contas da União solicitar um calendário de restituição do dinheiro.

“;O patrimônio da Caixa em 2020 estava na ordem de R$ 92 bilhões; portanto, nós estamos falando que 1/3 do patrimônio do banco será retirado em poucos anos “;, alerta a conselheira, ao informar que votou contra todas as decisões de devolução do recurso.

é importante lembrar que IHCD não tem data de vencimento, portanto, a direção da Caixa não tem a obrigação de antecipar a devolução destes recursos, que são essenciais para fomentar investimentos no pa ís. Entretanto, a intenção do presidente do banco, Pedro Guimarães, é devolver os IHCDs com o valor da venda de subsidiárias ainda neste ano. A primeira já tem data marcada -; a abertura de capital da Caixa Seguridade está programada para acontecer já no dia 29 deste mês.

Rita Serrano destacou ainda outro ponto importante o balanço. “;Todo o resultado que vimos hoje é fruto do principal patrimônio da Caixa, que são os trabalhadores. Isso ficou claro durante o último ano, quando mesmo em meio a uma pandemia, os empregados arriscaram as suas vidas para atender toda a população, com o pagamento dos benef ícios sociais. Isso ficou claro no balanço do banco. “;

A economista Regina Coeli Moreira Camargos concorda com a Rita. Fica claro que a estratégia e uma estratégia de desmonte. Entre 2010 e 2015, a receita era com operações da Caixa e acompanhou o crescimento da carteira comercial de clientes, o que incomodou em muito quem antes dominava esta seara, os bancos privados. “;Até por isso eles foram um dos principais financiadores do golpe contra a presidenta Dilma Roussef. Isso certamente influenciou nos rumos que foram implementados pela empresa no pós-golpe. “;

Regina batizou a estratégia da gestão atual de 3D: descapitalizar, desinvestir, para desinalavancar. “;Qual é o papel do banco? é alavancar a população. O crédito é a alavanca da economia. E quem tem condição de fazer isso numa economia igual a nossa? é o banco público. Isso porque tem a capitalização frequente do tesouro público. Os bancos privados não têm essa fonte de capitalização. O banco público tem uma fonte extra de capitalização, que é o tesouro nacional, que são o controlador do banco “;, explicou.

Hoje (15) serão apresentados os números do Banco do Brasil. A cereja do bolo foi deixada para sexta-feira (16), quando acontecerá um debate sobre a autonomia do Banco Central, com a participação do deputado federal Pedro Uczai (PT/SC), que coordena os debates sobre a reforma do sistema financeiro em seu partido, do Economista Sergio Mendonça, da presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, e do presidente da Fenae, Sergio Takemoto.

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