Músicas fúnebres, manifestantes com trajes simbolizando o luto, balões vermelhos em homenagem as 13 pessoas que perderam suas vidas, em 2017, durante a jornada de trabalho (no munic ípio), faixas, cartazes, carros de som e até um personagem vestido de “;a morte “;. Na última sexta-feira (27), o Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região junto com representantes dos Sindicatos filiados ao Conselho das Entidades Sindicais de Piracicaba (Conespi) foi às ruas do Centro e promoveu um ato “;pela defesa da vida e em memória às v ítimas de acidentes de trabalho “;.
O ato começou em frente do mercado municipal, e seguiram até a praça José Bonifácio, com cartazes, faixas, reivindicando os altos indicies de mortes e acidentes. Mais de 30 representantes do SindBan estiveram presentes no evento, apoiando a manifestação. Segundo o presidente dos bancários, José Antônio Fernandes Paiva, os representantes dos trabalhadores organizaram passeata para conscientizar a população e denunciar a ganância dos patrões. “;Um acidente por hora na cidade é umíndice muito alto, que exige pol íticas mais sérias do poder público para imputar aos empregadores a responsabilidade da preservação da vida de seus empregados “;, comenta.
Durante a marcha, os carros de som despejaram melodias fúnebres em seus alto-falantes, enquanto eram citadas estat ísticas alarmantes sobre o grande número de acidentes de trabalho registrados no munic ípio. Os dados citados e mostrados na passeata foram apurados pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Piracicaba (Cerest), somente em 2017 a cidade contabilizou 7.436 acidentes de trabalho, o que equivale a mais de 20 acidentes diários e quase um a cada hora. Durante o ato o Presidente do Sindicato dos Técnicos em Segurança do Trabalho salientou a importância do trabalho da categoria para a vida de todos os trabalhadores. “;Eu peço encarecidamente para nós técnicos de segurança para que
Nos últimos cinco anos, houve 54 mortes de trabalhadores Piracicaba e um total de 45.147 acidentes de trabalho. O primeiro-vice-presidente do Conespi, José Antônio Fernandes Paiva, justificou a realização da manifestação de conscientização.
“;A importância deste ato é despertar a sociedade e o poder público para o número de acidentes que se torna invis ível para o conjunto da sociedade. Se nós tivéssemos um acidente de trânsito, por hora, em Piracicaba, haveria um grande alarde. Aliás, a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (Semuttran) tem sido muito eficiente em trabalhar a prevenção como uma meta social. Então, queremos que a Secretaria de Saúde faça o mesmo. Temos um acidente de trabalho por hora em Piracicaba e no ano passado tivemos 13 mortes “;, declarou o l íder sindical, Paiva.
A dirigente sindical e representante do SindBan no Cerest e Cist, Olivia Brossi, diz que cabe aos sindicatos proteger os trabalhadores para que não sejam v ítimas de acidentes de trabalho. “;Cabe a cada um de nós levarmos o conhecimento, conscientizar, fazer a denúncia contra as empresas, porque só o movimento sindical tem a cara de vir para a rua e dizer as verdades que precisam ser ditas. Por isso, sa ímos às ruas para denunciar e manifestar o nosso repúdio “;, afirma.
O poder público precisa dar mais atenção ao grande volume de acidentes de trabalho, avaliou Paiva. “;Nós tivemos a morte de uma pessoa por febre amarela e gerou a maior comoção, diga-se, leg ítima. Mas por que a morte de 13 trabalhadores não gera comoção? Por isso estamos fazendo essa marcha fúnebre para apresentar esses números para as pessoas “;, acrescentou.
Flagrante de desrespeito aos equipamentos de segurança
Em quanto na praça a marcha fúnebre imperava e os discursos mostravam a importância dos equipamentos de segurança do trabalho, e da conscientização de patrões e empregados logo em frente na fachada da agência Centro do Banco do Brasil, dois funcionários se penduram na marquise para realizar a manutenção. Logo que fora avistado os dirigentes sindicais do SindBan se dirigiram até a agência para que fossem apuradas as irregularidades.
De acordo com o dirigente sindical, Marcelo Abraão comentou a importância das denúncias para casos como esses. “;Nós estávamos próximo ao local no momento certo, mas nem sempre isso ocorre por isso é muito importante que os trabalhadores exijam condições adequadas de trabalho, e que denunciem caso isso não ocorra “;, ressalta.
O representante do Cerest, e Técnico de Segurança do trabalho Alessandro José Nunes da Silva recebeu a informação de trabalho em altura de forma inadequada e já estava no local para apurar os fatos. “;Nós verificamos aqui que o trabalho de manutenção em altura estava sendo feito sem a utilização dos equipamentos necessários, eles utilizavam uma escada, porém a mesma não apresenta estabilidade e há risco de queda, por isso estamos notificando a empresa que é responsável pela prestação de serviços ao Banco do Brasil, e também solicitamos que os reparos sejam interrompidos até que exista um laudo que autorize o trabalho sem riscos aos trabalhadores “;, afirma Alessandro.