Seminário foi ministrado por especialista em educação e pesquisadora Pollyana Gama

Na noite de ontem (14), o Espaço Manifesta, em Piracicaba, foi palco de um momento de reflexão e aprendizado durante a palestra ministrada pela educadora, pesquisadora e palestrante Pollyana Gama. O evento integrou a programação comemorativa dos 66 anos de fundação do Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região (SindBan).

A abertura foi conduzida por José Antonio Fernandes Paiva, presidente do SindBan, que destacou a trajetória da palestrante: “Gostaria de apresentar a vocês a educadora, pesquisadora e palestrante Pollyana Gama. Ela tem uma trajetória marcada pelo compromisso com a transformação social por meio do conhecimento. Doutora pela USP e mestre pela Unitau, possui especializações em liderança e neurociência. Foi secretária de Educação de Ubatuba, presidiu a Comissão de Educação da Câmara de Taubaté, integrou a Comissão de Educação da Câmara Federal e também o Conselho Estadual de Educação de São Paulo. Com sólida atuação na gestão pública e na formação de lideranças, Pollyana traz uma visão ampla e sensível sobre os desafios de quem atua no cuidado com o outro — e, sobretudo, sobre a importância de também cuidar de si”.

Com o tema centrado no autocuidado e no cuidado com o outro, Pollyana iniciou sua fala abordando a necessidade de encontrar um bom “pra quê” para iniciar mudanças significativas na vida, como a prática de atividade física ou o cuidado com a saúde mental e emocional. “O autocuidado exige atitude”, destacou, lembrando que, muitas vezes, negligenciamos esse processo, o que impacta diretamente não apenas o corpo, mas também a mente e as emoções.

Segundo ela, 98% das pessoas afirmam que se cuidar é importante, mas, na prática, poucas realmente tomam medidas consistentes nesse sentido. “Será que é possível me oferecer 100% ao outro se eu mesmo não estou inteiro?”, questionou.

Durante a palestra, Pollyana compartilhou dados coletados junto a bancários, abordando as perdas e ganhos percebidos no ambiente corporativo, especialmente em relação à saúde mental. Chamou atenção para o peso das metas excessivas, assédios e sobrecarga de trabalho, aspectos que precisam ser revistos com urgência por parte das instituições.

Ela também falou da necessidade de reconhecer os sinais de alerta, como o estresse em níveis elevados e os sintomas de burnout, cada vez mais comuns na categoria. “Muitas vezes, insistimos em pisar na mesma ‘jaca’, brincou, fazendo alusão às repetições de hábitos prejudiciais que ignoramos no dia a dia.

Outro ponto marcante da palestra foi a reflexão sobre o papel das mulheres no cuidado: “Quando uma mulher se afasta da carreira, quase sempre é para cuidar do outro — dos filhos, dos pais, do marido. E por último, dela mesma. Isso precisa mudar”, alertou Pollyana, ressaltando a urgência de se colocar como protagonista da própria história.

Com uma abordagem sensível e fundamentada, Pollyana relembrou sua atuação na elaboração da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), onde, segundo ela, se viu diante da importância de desenvolver competências socioemocionais nas escolas. “Mas os próprios professores relataram que ainda não têm isso bem estruturado. Eu mesma percebi o quanto minha vida estava tomada por compromissos, e pouco espaço restava para mim e minha família”.

A pesquisadora citou o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) que alerta que a maioria dos problemas de saúde mental surgem por volta dos 14 anos de idade, e que a pandemia intensificou esse cenário. “Os bancários também são afetados. Somos todos humanos, seres emocionais, de sentimentos”, reforçou.

Pollyana ainda propôs exercícios práticos de respiração e relaxamento, indicando que ações simples, como caminhar, escutar uma música ou tomar um tempo para si, podem ajudar a manter o equilíbrio emocional. “Respirar não é cobrado e nos devolve a calma e a paz”, afirmou.

Entre referências citadas, Pollyana mencionou Leonardo Boff, com seu livro Saber Cuidar, e Michel Foucault, um de seus autores preferidos, especialmente no que diz respeito ao cuidado com a subjetividade e à crítica à alienação nas relações de poder. “Foucault questiona até quando você vai ser apenas um executor, alguém que só opera. Cuidar de si também é um ato político”, comentou.

A palestra foi encerrada com uma forte mensagem: “Olhar para o cuidado é como olhar para uma ferida aberta. Se não cuidar, ela piora. E ver um sindicato que pauta a saúde e o bem-estar da categoria é motivo de muito orgulho. Precisamos divulgar e multiplicar isso”, comemorou Pollyana.

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