Instituições reagem contra discriminação em agência com ato público em Piracicaba
O Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região (SindBan) realizou, na manhã desta terça-feira (8), um ato em frente à agência do Itaú na Praça José Bonifácio, no centro da cidade. A mobilização integrou o Dia Nacional de Luta contra o Itaú, promovido por sindicatos em todo o país. Em Piracicaba, o protesto ganhou um agravante: denúncias de casos de discriminação racial ocorridos dentro da unidade bancária, recebidas pelo SindBan na véspera do ato.
O ato público, que teve cerca de duas horas de duração e incluiu diversas intervenções, chamou a atenção de trabalhadores e transeuntes que circulavam nas proximidades da agência. Estiveram presentes o presidente do SindBan, José Antonio Fernandes Paiva, a vice-presidente Angela Savian, diretores, assessores, colaboradores, além de representantes do Conselho de Promoção da Igualdade Racial de Piracicaba (Conepir), entre eles a presidente Rossana Cyriaco Gomes da Silva Barbosa, Luciano Alves Lima e Adney de Abreu Araújo.
O objetivo foi denunciar as práticas abusivas adotadas pelo banco, como metas inatingíveis, sobrecarga de trabalho, adoecimento mental e desrespeito. As denúncias de racismo evidenciam que, além da exploração, ainda existem situações de discriminação racial nas agências.
“O racismo é crime. Não vamos tolerar nenhuma forma de discriminação no ambiente de trabalho. Recebemos a denúncia com a seriedade que o tema exige e já acionamos os canais competentes para que tudo seja devidamente apurado. O banco tem a obrigação de garantir um ambiente respeitoso e seguro para todos”, declarou o presidente do Sindicato, José Antonio Fernandes Paiva.
Além de denunciar o racismo, a ação buscou chamar a atenção da população para os lucros bilionários do Itaú e a contradição com a realidade vivida pelos trabalhadores do banco: pressões diárias, metas abusivas, pressão psicológica, falta de reconhecimento e demissões sem justificativa.
A vice-presidente do SindBan, Angela Savian, reforçou o compromisso do sindicato no enfrentamento às práticas discriminatórias: “Quando uma denúncia de racismo chega ao sindicato, não se trata apenas de um relato isolado e nossa atuação é para romper esse ciclo, proteger os trabalhadores e exigir do banco respostas concretas. Não vamos nos calar diante de nenhuma forma de opressão”, disse Savian.
A diretora do SindBan, Letícia Peres Françoso, também condenou a situação, “é inadmissível que as pessoas saiam de casa para trabalhar e sejam discriminadas, não é possível aceitar que trabalhadores sigam sendo discriminados por serem negros, Pessoa Com Deficiência (PCD) ou por qualquer outra condição”, afirmou a diretora.
Representantes do Conselho de Promoção da Igualdade Racial de Piracicaba (Conepir) também manifestaram repúdio às práticas discriminatórias, Adney de Abreu Araújo destacou a importância de medidas educativas, “estamos aqui como membros do Conepir e solidários à ação do SindBan. Hoje, o racismo atinge uma pessoa, a xenofobia outra, mas o assédio atinge todos os trabalhadores. É preciso investir em educação antirracista e transformar o ambiente de trabalho. Não se trata apenas de punir alguém. Se o espaço continuar doente, as práticas desumanas vão persistir, mesmo que a pessoa que discriminou seja afastada. É necessário reeducar o ambiente”, afirmou Araújo.
Marcelo Abrahão, diretor do SindBan, encerrou o ato, esclarecendo, “nenhum bancário está sozinho. Todos os colaboradores do Itaú – independentemente da função, da agência ou do tempo de casa – podem contar com o Sindicato. Estaremos ao lado de cada trabalhadora e trabalhador que enfrentar qualquer tipo de injustiça, seja ela material, moral ou institucional. Nossa atuação é firme, porque acreditamos em relações de trabalho baseadas no respeito, na dignidade e na equidade”, conclui Abrahão.
O SindBan reforça que as denúncias recebidas já estão sendo encaminhadas aos canais competentes e estão em processo de apuração. Os trabalhadores diretamente afetados estão sendo acompanhados e acolhidos, inclusive com encaminhamentos para atendimento especializado, quando necessário.