Luta global por dignidade no trabalho mobiliza bancários e sindicatos em Piracicaba
Nesta quinta-feira, 26 de junho, uma mobilização histórica reuniu sindicatos de diversas cidades do interior de São Paulo, como Piracicaba, Rio Claro, Campinas, Limeira, Jaú e Ribeirão Preto, em um protesto pacífico contra as condições de trabalho enfrentadas pelos bancários e trabalhadores de empresas terceirizadas, como a Tools e a Pulse, que prestam serviços ao Santander. O movimento, que teve início às 7h da manhã em frente à Tools Piracicaba, marcou uma forte demonstração de união e resistência contra a precarização do trabalho no setor bancário.
Cerca de 500 pessoas se reuniram para exigir justiça e melhores condições de trabalho para os bancários, que, apesar de desempenharem funções típicas da categoria, recebem salários abaixo do piso salarial. A pejotização, que consiste em transformar os trabalhadores em “pessoas jurídicas” para evitar os direitos trabalhistas, e a falta de respeito com os colaboradores foram denunciadas como práticas abusivas que comprometem a qualidade dos serviços bancários prestados aos clientes.
A mobilização não foi restrita ao Brasil. Sindicatos de vários países da América Latina e da Europa também se uniram em solidariedade, denunciando o mesmo cenário de exploração imposto pelo Santander, que, como uma subsidiária do grupo espanhol, representa cerca de 20% do lucro mundial do conglomerado.
José Antonio Fernandes Paiva, presidente do Sindicato dos Bancários de Piracicaba e região, foi enfático em sua fala durante o protesto. Ele destacou a importância da união dos trabalhadores e do fortalecimento da luta contra as práticas exploratórias da empresa. “Não podemos permitir que o Santander siga arrecadando bilhões de reais enquanto submete seus empregados a um cenário de exploração. A nossa luta é por respeito, por dignidade e por melhores condições de trabalho para todos”, afirmou Paiva.
A manifestação também levantou questões sobre a responsabilidade social das grandes corporações, como o Santander, que possuem lucros astronômicos, mas ainda assim negligenciam os direitos básicos dos trabalhadores. Os sindicalistas afirmam que é urgente mudar a lógica que privilegia os acionistas em detrimento das pessoas que realmente fazem o trabalho acontecer.
José Antonio Fernandes Paiva, presidente do Sindicato dos Bancários de Piracicaba e região, também aproveitou a ocasião para refletir sobre o valor dos funcionários e a importância de líderes empresariais que realmente se preocupam com o desenvolvimento do potencial humano dentro das organizações. Durante sua fala, Paiva destacou, é essencial entender que, em qualquer organização, os funcionários são o maior ativo. Eles não são apenas números ou peças de uma engrenagem. Quando uma empresa valoriza seus colaboradores, investindo no desenvolvimento de seus talentos e habilidades, ela não só ganha produtividade, mas constrói um ambiente de trabalho mais saudável e sustentável. Líderes que têm como premissa o desenvolvimento do potencial das pessoas, como profissionais e como seres humanos, estão criando um ciclo virtuoso que beneficia a todos – a empresa, seus empregados e, claro, seus clientes. Infelizmente, o que temos visto, especialmente em empresas como o Santander, é o contrário: a exploração e a precarização do trabalho. Isso não é uma escolha inteligente no longo prazo. A verdadeira força de uma organização está na valorização dos seus funcionários, e nós, trabalhadores, exigimos que isso seja reconhecido, tanto em salários justos quanto em condições dignas de trabalho”, concluiu Paiva, com a firmeza de quem tem a visão clara do que representa uma verdadeira liderança comprometida com o bem-estar coletivo.
A mobilização de hoje é apenas mais um capítulo de uma luta que segue firme. Os sindicatos do interior de São Paulo, juntamente com os sindicatos internacionais, prometem continuar a batalha para garantir que os direitos dos bancários sejam respeitados e que a exploração no setor bancário seja combatida de maneira efetiva. A unidade entre os trabalhadores e as manifestações pacíficas são um claro recado: a resistência contra a precarização do trabalho é mais forte do que nunca.
Apesar do Santander acionar a Polícia Militar indevidamente, pois não havia nenhuma decisão judicial contrária às manifestações e nem crime sendo cometido pelos manifestantes, foi possível documentar a ação isolada de alguns PMs tentando interferir no movimento, o que felizmente não foi concretizado.
Essa mobilização histórica é uma resposta clara a um sistema que prioriza os lucros em detrimento da dignidade humana e reafirma que, quando os trabalhadores se unem, a força para lutar por seus direitos é imbatível.