Audiência pública na Alesp debate fechamento de agências e terceirizações irregulares no Santander

Na manhã da última segunda-feira (16), a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) foi palco de uma audiência pública que discutiu o fechamento de agências e a terceirização irregular promovida pelo banco Santander em todo o país. Realizado no auditório Teotônio Vilela, o encontro foi convocado pelo deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino (PT) e reuniu representantes da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul , da FETEC -SP , da CONTRAF e de diversos sindicatos e entidades sindicais.

O Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região (SindBan) participou ativamente da audiência, representado por diretores, assessores, colaboradores e pelo presidente da entidade e diretor financeiro da Feeb SP/MS, José Antônio Fernandes Paiva. Em sua intervenção, Paiva fez duras críticas à política adotada pelo banco e convocou os trabalhadores à mobilização coletiva.

“Estamos diante de uma realidade alarmante, que exige do movimento sindical uma resposta firme e articulada. O que o Santander vem fazendo não afeta apenas os bancários diretamente envolvidos — é um ataque ao conjunto da categoria e à qualidade do serviço bancário no Brasil. Devemos fortalecer a unidade e transformar essa indignação em ações concretas”, afirmou o dirigente.

Apesar dos lucros expressivos — R$ 13,8 bilhões em 2024, um crescimento de 48,6% em relação ao ano anterior, e R$ 3,8 bilhões apenas no primeiro trimestre de 2025 —, o Santander mantém uma política agressiva de cortes de pessoal, fechamento de agências e avanço da terceirização.

Entre 2019 e 2024, o banco fechou aproximadamente 280 agências no país, o equivalente a 10% da sua rede física, sendo 374 pontos de atendimento encerrados apenas nos últimos dois anos. No Estado de São Paulo, a redução foi ainda mais acentuada, com queda de 16% no número de agências.

Mesmo alegando crescimento no quadro de funcionários — de 47,8 mil para 55,6 mil no mesmo período —, apenas 54% desses trabalhadores têm vínculo direto com o Santander. O restante atua por meio de empresas terceirizadas do próprio conglomerado, o que evidencia a precarização das relações de trabalho.

A substituição de bancários por terceirizados, com menos direitos e salários reduzidos, reflete-se diretamente na qualidade do atendimento prestado à população e nas condições de trabalho dos próprios empregados. Os relatos incluem metas abusivas, instabilidade, sobrecarga e perda de direitos.

Dados revelam que, enquanto o Santander reduziu em 22% os gastos com pessoal diretamente contratado, as despesas com coligadas cresceram 126%. Ao mesmo tempo, o setor bancário como um todo cortou cerca de 30,6 mil postos de trabalho entre 2019 e 2024.

Durante a audiência, o SindBan e outras entidades reforçaram a exigência de respeito à Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), ao Acordo Coletivo Específico (ACT) e à representação sindical de todos os trabalhadores, inclusive os terceirizados do grupo.

A atividade integra a campanha nacional de enfrentamento à precarização das relações de trabalho no setor financeiro. O objetivo é claro: defender os direitos históricos da categoria, fortalecer a atuação sindical e garantir condições de trabalho dignas.

LUCRATIVIDADE E FECHAMENTO DE AGÊNCIAS – Subsidiária do grupo espanhol, o Santander Brasil é responsável por cerca de 20% do lucro global do conglomerado. Desde sua chegada ao país — com a compra do Banespa em 2000 e do Banco Real em 2008 —, o banco consolidou-se entre os cinco maiores do sistema financeiro nacional. No entanto, entre 2019 e 2024, o Santander fechou, em média, uma agência por semana. Um dado que ilustra a lógica de maximização dos lucros em detrimento da função social do banco e da valorização dos trabalhadores.

 

 

 

 

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