SindBan e Cerest debatem qualidade do ar em ambientes climatizados

O Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região, manteve, nesta quinta-feira, 15, reunião com representantes do Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador) Piracicaba sobre os riscos envolvendo sistemas de ar-condicionado em ambientes de trabalho, como as agências bancárias.

Durante o encontro, os representantes do Cerest alertaram para os riscos decorrentes do funcionamento de sistemas mal projetados ou mal instalados, assim como manutenções feitas de forma inadequada. Também abordaram uma preocupação mais recente nesta área, que é a possibilidade de uso de gases inflamáveis no sistema, o que pode provocar explosões e acidentes de grandes proporções.

O ponto de partida para o debate foi uma palestra realizada pelo engenheiro mecânico Edemilson Carlos Trevisan, especialista na área. Trevisan falou sobre o aumento do uso de sistemas de ar-condicionado em todos os espaços, devido às temperaturas cada vez mais elevadas. Ressaltou, entretanto, que essa climatização precisa ser feita com planejamento, respeitando critérios e normas técnicas.

Segundo Edemilson, a instalação de sistemas inadequados e de forma incorreta pode trazer riscos muito graves à saúde, e o problema se amplifica quando se trata de ambientes de uso coletivo. Ele apresentou uma lista de problemas que podem ocorrer, que vão desde explosões e incêndios até a diferentes situações de contaminação.

Com a ampliação do uso e falta de uma fiscalização efetiva, já há o registro na atualidade do que se denomina “Síndrome dos edifícios doentes”, situação em que o ar interno dos prédios provoca danos à saúde dos funcionários e usuários, na maioria dos casos pela ineficiência dos sistemas de filtragem e troca de ar.

O presidente do Sindicato, José Antonio Fernandes Paiva, informou que o mau funcionamento dos sistemas de ar-condicionado tem gerado muitas reclamações na cidade, e que em situações mais críticas a entidade foi obrigada a tomar providências para o fechamento das agências, por cauda dos riscos à saúde dos funcionários e clientes.

Ele também informou sobre problema recente em uma agência do Banco Itaú, em Piracicaba, que passa por reformas. Neste caso, a situação encontrada foi de risco de incêndio, entre outros, em virtude de fiação descoberta, tecidos inflamáveis, entre outras irregularidades. “Nós acionamos o Cerest de imediato e fizemos contato com a direção do banco, exigindo as medidas de segurança”, observou.

O Sindicato também desenvolve, há alguns anos, a campanha “Sem ar, não tem clima para trabalhar”, pois as ocorrências de mau funcionamento e falta de manutenção aumentam muito durante o verão. “E nós temos clara nossa responsabilidade com os funcionários e os clientes. A partir de agora vamos ficar ainda mais vigilantes com este assunto”, destacou.

Qualificação

O representante do Cerest no encontro, Alessandro José Nunes da Silva, informou que uma das preocupações do órgão é com a qualificação dos profissionais que respondem pela instalação e manutenção dos sistemas. Ele salientou que no Brasil, diferente do que ocorre em países mais desenvolvidos economicamente, não existe uma exigência efetiva de certificação individual destes profissionais.

Alessandro comentou existirem relatos de casos em que o técnico que fez a manutenção em um determinado equipamento substituiu o gás responsável pela refrigeração por gás de cozinha, o que é absolutamente inadequado e perigoso. “Muitas vezes, por uma questão de custo você acaba provocando acidentes graves e colocando em risco a vida de muitas pessoas de forma desnecessária”, ressaltou.

Ele explicou que entre os problemas mais frequentes em ambientes de trabalho estão a ventilação inadequada, a contaminação do ar gerada internamente ou de fora dos edifícios, a contaminação microbiológica de água estagnada, e por produtos químicos e orgânicos emitidos por materiais de construção e decoração.

Como resultado deste encontro, foram desenhadas algumas linhas de ação a serem desenvolvidas, que podem contribuir para o enfrentamento do problema tanto no que se refere aos bancos como em nível mais geral.

Entre estas ações está o fortalecimento da luta por melhor qualificação das empresas e profissionais do setor, a informação dos bancários e bancárias sobre os riscos a que podem estar submetidos e mesmo a realização de eventos envolvendo outros segmentos, como o das seguradoras, que podem ampliar as exigências neste campo e com isso pressionar por mais segurança.

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