O lucro líquido contábil da Caixa Econômica Federal foi de R$ 2,542 bi no primeiro trimestre de 2022, o que representa uma queda de 44,6% em relação ao mesmo período de 2021, quando havia sido de R$ 4,584 bi.
Essa queda se deve ao fato de que, em 2021, o resultado foi inflado por evento não recorrente vinculado à venda de participação na Caixa Seguridade. O resultado, em 2022, não sofreu influências de eventos não recorrentes.
Comparando o lucro líquido contábil desse primeiro trimestre com o de 2021, a diferença é de 44, 6%. Esse número mostra o impacto da venda de ativos no balanço do primeiro trimestre de 2021 e a diferença do resultado deste ano, quando não houve a venda de ativos.
A geração de resultados não recorrentes derivada de venda de ativos não é uma estratégia sustentável. Na verdade, pode comprometer o futuro da instituição, uma vez que diminui a geração de receitas futuras e, assim, pode prejudicar sua autonomia como agente de políticas públicas
Reduzir as receitas significa reduzir a capacidade de investimentos do banco e isso não é bom para o país, que precisa, urgentemente, de um projeto de desenvolvimento que contribua com a melhoria da qualidade de vida da população.
Por trás dos números – É importante analisar os dados do balanço apresentado pela Caixa, sem limitar a análise aos números apresentados. A elevação da taxa Selic, que causa diversos danos à sociedade, como a redução dos investimentos no setor produtivo, a dificuldade de retomada do crescimento da economia e a manutenção do desemprego em níveis elevados, também afeta os resultados da Caixa. A elevação da taxa Selic aumentou as despesas de intermediação financeira em 120,3%, contribuindo para a diminuição de 11,9% do resultado bruto da instituição neste quesito.
Sobrecarga continua – A Caixa encerrou o primeiro trimestre de 2022 com 86.850 empregados, 4.974 a mais do que há 12 meses.
As contratações aconteceram graças à convocação de aprovados em concurso realizado em 2014, após importante atuação da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT). Tal atuação, rendeu, inclusive, a realização de um concurso específico para a contratação de pessoas com deficiência.
Mas, infelizmente, essas contratações repõem apenas parte dos postos de trabalho reduzidos pela Caixa após o golpe que derrubou a ex-presidenta Dilma Rousseff da Presidência da República.
Em 2014 a Caixa contava com 100.677 empregados em seu quadro de pessoal. Como esse aumento foi acompanhado pelo crescimento de aproximadamente 2,7 milhões de novos clientes, a relação entre clientes por empregado (1.708,7 clientes por empregado), manteve-se elevada, com isso a sobrecarrega de trabalho permanece e empregados continuam adoecendo e sendo submetidos a metas desumanas por uma gestão assediadora. Por isso, cobramos mais contratações.