A disseminação de fake news e a política de desinformação, marcas registradas do atual governo federal – seguidas à risca pelo seu fiel escudeiro Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal –, devem ser reforçadas em 2022.
Um claro exemplo foi dado na última sexta-feira (11), quando o presidente da Caixa inventou uma cerimônia de entrega de crachás aos novos funcionários admitidos a partir de um concurso exclusivo para pessoas com deficiência, para a participação de Jair Bolsonaro. Com claro viés eleitoreiro, toda a farsa foi montada para encenar aquilo que Guimarães batizou de “política do bem” para pessoas que passaram a “maior parte da vida marginalizada”.
“O que, de propósito, esqueceram de falar é que esta é uma bandeira histórica do movimento sindical, defendida bravamente por nós, nos anos mais recentes”, A Ação Civil Pública (ACP) de 2019, que exigiu a contratação de pessoas com deficiência (PCD) pelo banco público, para que atendesse a Lei 8.213/91, determina que, em empresas com mais de mil empregados, 5% do quadro funcional seja de pessoas com deficiência ou reabilitados. A Contraf-CUT foi parceira desta ação.
A ironia não para por aí. Depois de perder na Justiça para os trabalhadores e ser obrigado a contratar os aprovados, Pedro Guimarães tentou se autopromover, enquanto mais uma vez passava por cima dos direitos trabalhistas, já que os novos empregados não tinham direito ao Saúde Caixa.
Ao ser questionado sobre a situação, em pronunciamento, o presidente da Caixa Econômica Federal zombou dos novos empregados ao dizer que “nem ele tem plano de saúde pela Caixa”. Pedro Guimarães achou razoável comparar a sua situação com a de trabalhadores que ganham um salário muito inferior e vêm sofrendo com o descaso do banco.
A garantia do plano de saúde aos PCDs no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) só foi conquistada após muita pressão dos empregados na mesa de negociação. Empregados estavam desassistidos mesmo em uma pandemia. Muitos deles, atuando na linha de frente do atendimento a mais de 120 milhões de brasileiros para o pagamento do Auxílio Emergencial, do FGTS e de todos os outros benefícios sociais operacionalizados pelo banco público.
Além das demissões injustas, os PCDs sofriam situações humilhantes no ambiente de trabalho, conforme a coordenadora da CEE. O descaso da Caixa com a realidade dos trabalhadores PCDs tem feito cada vez mais vítimas.
Os trabalhadores procuravam os sindicatos para denunciar suas vivências de desrespeito dos colegas, assédio moral e humilhações constantes, por terem sido alocados sem as condições mínimas de acessibilidade, em agências e funções não condizentes com suas realidades. A história é sempre a mesma.
O banco não tem nenhuma preocupação nem em ambientar estes trabalhadores e nem em alocá-los em funções em locais de trabalhos adequados ao tipo de deficiência que têm.