Pesquisa revelou que nenhuma das agências piracicabanas atende todos os requisitos de acessibilidade
Há um ano, a acessibilidade é um direito garantido pela Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, 13.146/2016. Promoção de condições iguais, exerc ício dos direitos e das liberdades fundamentais das pessoas com deficiência e adaptação da informação, comunicação e de qualquer espaço, seja ele público ou privado, são os direitos garantidos, pela Lei, para a pessoa com deficiência. Com o objetivo de avaliar a acessibilidade e inclusão nas agências bancárias, a secretaria de Assuntos Para Pessoas com Deficiência do Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região (SindBan) realizou um mapeamento das agências piracicabanas.
Denominada de Bancário Eficiente, a pesquisa, realizada entre os dias 24 de março e 14 de junho de 2016, foi coordenada pelos diretores Let ícia Françoso e César Nascimento e percorreu 68 agências bancárias da cidade, entre elas, 28 públicas e 39 privadas. Na manhã desta terça-feira (6), a pesquisa foi apresentada na sede da Semtre (Secretária Municipal de Trabalho e Renda), durante reunião do Comitê Municipal de Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho (COMIT-PCD).
Segundo a diretora, a ideia do projeto surgiu pelo fato do Perfil Bancário, realizado todos os anos pelo Sindicato, não abordar os funcionários com deficiência. “;Esse mapeamento é inédito, os bancos dizem que não encontram pessoas com deficiência capacitadas para trabalhar no sistema financeiro, mas a verdade é que as agências não são acess íveis para os clientes e funcionários “;, comentou Let ícia.
Segundo a pesquisa, 5,97% dos profissionais dos bancos piracicabanos sabem a linguagem dos sinais e 97% dos estagiários, que atendem os caixas eletrônicos, não sabem. “;é muito dif ícil você encontrar um deficiente auditivo nos bancos, pois os funcionários não são capacitados para atendê-los, o banco não garante independência para que essas pessoas tomem conta das suas finanças “;, defendeu a diretora. A argumentação dos bancos é que o curso para a linguagem de sinais é oferecido online. Para a diretora, a internet não permite que as pessoas assimilem corretamente a linguagem.
Para as pessoas com deficiência visual a independência é ainda mais dif ícil, nem 2% das agências possuem a opção da leitura do contrato da conta corrente em braile. A autonomia para acessar os dados financeiros é praticamente nula. Além da falta de acessibilidade dos serviços oferecidos pelo banco, as agências não estão preparadas para tornar fácil a mobilidade das pessoas com deficiência. Função de áudio nos caixas eletrônicos quebrados, elevadores sem sinalização de braile, falta de caixa eletrônico para cadeirantes, falta de banheiro adaptado e piso tático incorreto são um dos problemas que a maioria das agências apresentam.
Cotas
Dos 1305 bancários da base de Piracicaba, apenas 21 apresentam deficiência. Entre eles, 85% têm deficiência f ísica. Todos os profissionais foram contratos pela Lei de Cotas 8213/91, que completou 25 anos de existência em 2016. De acordo com a Lei 8.213/91 empresas com até 200 funcionários devem ter 2% de pessoas com deficiência; de 201 a 500 trabalhadores, 3%; de 501 a 1000, 4%; e de 1001 em diante, 5% das vagas ocupadas por PCDs.
Para Let ícia, esse número é o mais preocupante do mapeamento. “;O resultado é uma prova que os bancos só contratam pessoas com deficiência para cumprir a Lei, não há plano de carreira para esses profissionais, essas pessoas não estão sendo contratas pela sua capacidade e sim pela sua limitação “;, defendeu a diretora. Segundo o secretário de Trabalho e Renda, Carlos Beltrame, é importante conscientizar as empresas que limitação não é incapacidade e mais do que isso, fazer com que as agências e todos os ambientes de trabalho regularizem a situação dos locais “;, comentou o secretário.
Próximos passos
Após a realização do mapeamento, os diretores elaboraram um Mapeamento de Conduta para entregar aos bancos. Nele, é explicado todas as Leis de acessibilidade que precisam ser cumpridas pelas agências. O objetivo é fazer uma conciliação amigável com as instituições para que elas respeitem os direitos das pessoas com deficiências. O próximo passo é agendar as visitas aos bancos, para que as medidas sejam entregues e explicadas pessoalmente. Segundo Let ícia, caso as Leis não sejam cumpridas, o Sindicato vai entrar em contato com órgãos fiscalizadores para exigir medidas legais.
O mapeamento completo você encontra no site do Sindicato dos Bancários de Piracicaba (www.bancariosdepiracicaba.com.br).
Marina Mattus -; Estagiária em Jornalismo