Os carros começaram a dar espaço às pessoas na manhã desta sexta-feira (26) no centro de Piracicaba. Na oportunidade músicas fúnebres, falas de protesto, palavras de ordem e manifestantes homenagearam às 6 pessoas que perderam suas vidas, em 2018, durante a jornada de trabalho. Na última sexta-feira (27), o Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região junto com representantes dos Sindicatos filiados ao Conselho das Entidades Sindicais de Piracicaba (Conespi) foi às ruas do Centro e promoveu um ato “;pela defesa da vida e em memória às v ítimas de acidentes de trabalho “; e “;Contra o desmonte da previdência “;.
O ato começou em frente do mercado municipal, e seguiu até a agência do INSS com cartazes e faixas, reivindicando os altos indicies de mortes e acidentes. Mais de 30 representantes do SindBan estiveram presentes no evento, apoiando a manifestação. Segundo o presidente dos bancários, José Antônio Fernandes Paiva, os representantes dos trabalhadores organizaram a passeata para conscientizar a população e denunciar a ganância dos patrões. “;Um acidente por hora na cidade é umíndice muito alto que exige pol íticas mais sérias do poder público afim de imputar aos empregadores a responsabilidade da preservação da vida de seus empregados “;, comenta.
Os dados citados e mostrados na passeata foram apurados pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Piracicaba (Cerest), somente em 2018 a cidade contabilizou 5170 acidentes de trabalho, o que equivale a mais de 14 acidentes diários e quase um a cada hora. Nos últimos cinco anos, houve 60 mortes de trabalhadores em Piracicaba e um total de 50.137 acidentes de trabalho.
“;A importância deste ato é despertar a sociedade e o poder público para o número de acidentes que se torna invis ível para o conjunto da sociedade. Se nós tivéssemos um acidente de trânsito, por hora, em Piracicaba, haveria um grande alarde. Aliás, a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (Semuttran) tem sido muito eficiente em trabalhar a prevenção como uma meta social. Então, queremos que a Secretaria de Saúde faça o mesmo. Temos um acidente de trabalho por hora em Piracicaba e no ano passado tivemos 6 mortes “;, declarou o l íder sindical, Paiva.
A dirigente sindical e representante do SindBan no Cerest e Cist, Olivia Brossi, diz que cabe aos sindicatos orientar os trabalhadores para que não sejam v ítimas da negligência dos empregadores. “;Cabe a cada um de nós levarmos o conhecimento, conscientizar, fazer a denúncia contra as empresas, porque só o movimento sindical tem a cara de vir para a rua e dizer as verdades que precisam ser ditas. Por isso, sa ímos às ruas para denunciar e manifestar o nosso repúdio “;, afirma.
REFORMA DA PREVIDêNCIA
O movimento organizado também teve o objetivo de alertar a população e demonstrar insatisfação com as propostas apresentadas para a reforma da Previdência Social, por meio de panfletagem e abordagens às pessoas. Em consonância com a defesa da vida dos trabalhadores estava também a bandeira em defesa da previdência. “; A proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo Bolsonaro tornará o direito à aposentadoria muito mais dif ícil, rebaixará os valores das pensões -; penalizando principalmente os mais pobres e as mulheres -; e abrirá a possibilidade de o sistema Previdenciário ser alterado por leis complementares, o que facilitará mais mudanças prejudiciais à população no futuro “;, afirma Paiva.
O evento foi o primeiro realizado para marcar a força, luta e resistência dos trabalhadores, sobre o dia do trabalhador, que na quarta-feira, 01 de maio, dia que em ato histórico, todas as centrais sindicais estarão juntas, no Vale do Anhangabaú, contra a PEC 6/2019, que vai acabar com o direito à aposentadoria de milhões de brasileiros.
“;Nosso objetivo além de tratar da vida dos trabalhadores é de alertar a população, ampliar o conhecimento sobre essa proposta de reforma nefasta que está colocada, chamar a atenção dos deputados e senadores que vão votar efetivamente esta proposta, para que a gente possa ter a alteração dentro da proposta apresentada pelo governo e que a gente possa ter, realmente, uma Previdência que atenda as pessoas no momento da aposentadoria. Nós entendemos que o trabalhador, durante a vida, ajudou a desenvolver o pa ís, trabalhou efetivamente para ter dignidade e, na hora em que ele mais precisa, o governo vem e cria regras que são imposs íveis de serem atingidas “;, explicou Wagner Silveira, Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos.