Santander impõe preju ízos aos bancários
?Sem qualquer negociação e sem dar opção aos empregados, banco determina regras para horas extras e férias, respaldado pela reforma trabalhista de Temer
Nem um mês que começou a valer e o Banco Santander já está impondo aos funcionários novas regras descritas na reforma trabalhista promovida pelo governo Temer. Sem qualquer negociação com os representantes dos trabalhadores, o banco apenas comunicou que fará mudanças no acordo de horas extras e no fracionamento das férias. A nova lei permite a negociação direta entre empresa e trabalhador nesses dois temas.
De acordo com a vice-presidente do SindBan, Angela Ulises, a expectativa em relação a posição dos bancos diante da reforma não poderia ser diferente. “;Os bancos participaram deste processo de aprovação da reforma, então não poder íamos esperar outra atitude, o Santander é a prova, já está colocando em prática o desmonte de diretores aprovado por nossos parlamentares “;, comenta.
“;A forma de imposição e de acordo individual que o Santander colocou aos funcionários como forma de compensação de horas é absurda, nós precisamos mostrar a eles que o movimento sindical não aceita esse formato imposto aos bancários “;, completa.
Horas extras
O Santander impôs aos bancários um termo individual, através de assinatura eletrônica no Portal RH, que estabelece normas para banco de horas na instituição. é o chamado acordo de horas extras.
A dirigente sindical ainda completa dizendo que dentre os pontos colocados em prática, um dos piores fatores é a forma da compensação de horas extras. “;O acordo pressupõe entendimento entre as partes que pode se dar através de negociação coletiva, de forma transparente, democrática. Mas o banco está impondo sua vontade, seu interesse, e esse formato é absurdo “;, afirmou Angela.
Fracionamento das férias
Outra mudança determinada pela reforma trabalhista do governo Temer é a negociação direta entre funcionário e empregador com relação às férias, que poderão ser fracionadas em três per íodos, desde que nenhum deles seja menor do que cinco dias.
Este é outro ponto que o banco está impondo aos bancários sem qualquer negociação, de acordo com seus interesses.
Mudança da data do salário
Além dessas duas mudanças, na quinta-feira (7) o presidente do banco, Sérgio Rial, apenas comunicou que a partir de março de 2018 o salário passará a ser creditado no dia 30, e não mais no dia 20, como ocorria desde a época do Banespa.
“;Na verdade, o que o Santander quer é lucrar ainda mais em cima da folha de pagamento dos trabalhadores, pois essa mudança permitirá ao banco ter mais 10 dias para fazer aplicações no mercado financeiro com o dinheiro dos salários “;, afirmou a coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE), Maria Rosani.
Essa é outra mudança que foi imposta. E isso se deu apenas um dia depois de a área de Recursos Humanos do banco se comprometer a negociar esse ponto antes de qualquer implantação, junto com as horas extras e o fracionamento das férias.
“;Para que enviar uma representante do banco com a intenção de negociar conosco só para nos enrolar, se um dia depois o presidente do Santander apenas comunica que essa mudança já foi decidida, de forma unilateral e autoritária? “;, questionou Maria Rosani.
Alegação duvidosa
O banco alega que a alteração da data do crédito do salário ocorrerá por causa do E-social, sistema do governo que unificará as informações recolhidas pelos empregadores relativas aos trabalhadores, como v ínculos, contribuições previdenciárias, folha de pagamento, comunicações de acidente de trabalho, aviso prévio e informações sobre o FGTS. O E-social está previsto para entrar em vigor em janeiro.
Negociação já!
Essa questão inclusive foi discutida na última negociação para renovação do acordo coletivo, quando a Fenaban levantou o problema e foi dada uma solução que está descrita na Convenção Coletiva de Trabalho.
Está marcada para quarta-feira (13) reunião com o banco para discutir essas questões. “;Vamos trabalhar da mesma forma que o movimento sindical vem agindo nos últimos anos, nos baseamos no diálogo como forma de negociação, e até então ambas as partes vem colhendo resultados, por isso acredito que o banco não irá colocar em cheque essa relação. Acredito e espero que eles escutem e construam mais uma vez o diálogo “;, completa a Vice-Presidente. cobrar a revogação imediata dessas três medidas unilaterais e impostas “;, afirmou Maria Rosani. “;O banco que prega tanto a transparência e o diálogo ignorou a vontade dos trabalhadores e impôs de forma autoritária essas mudanças sem dar a menor possibilidade de opção e sem qualquer negociação com a representação leg ítima dos trabalhadores, que não aceitará essas imposições “;, acrescentou a dirigente.