Santander apreende boletim do Sindicato de São Paulo para censurar voz dos trabalhadores
De maneira arbitrária, a direção do Santander mandou apreender, na tarde dessa quarta-feira 26, cerca de mil exemplares do boletim produzido pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo e Osasco, a Folha Bancária que estavam sendo distribu ídos por dirigentes sindicais a trabalhadores lotados no Casa 1/Radar, centro administrativo em Santo Amaro, zona sul. Na Torre, situada na Vila Ol ímpia e que abriga a sede do banco espanhol, bancários relataram que encontraram segurança nas dependências do prédio com vários exemplares da última edição do jornal apreendidos.
“;é uma arbitrariedade, é imposs ível que em pleno 2018 estamos vivendo uma cena de censura como essa. O Santander mais uma está no podium do ranking antissindical, e agora anti-constitucional, o movimento sindical não irá permitir tal prática “;, comenta o Presidente do Sindicato dos Bancários, José Antonio Fernandes Paiva.
No Casa 1/Radar, funcionários da segurança recolheram os jornais que estavam próximos da recepção na entrada principal, na Rua Amador Bueno, por volta das 15h. Exemplares também foram retirados arbitrariamente de cima das mesas dos bancários, sem autorização.
“;Acabou de passar uma pessoa que não sei o nome, acho que um segurança, tirando todos os exemplares da Folha Bancária das mesas das pessoas. Ele pode fazer isso sem pedir autorização? Que tremenda falta de respeito! “;, relatou uma bancária do Casa 1, logo após o ocorrido.
“;Vi um segurança do Santander com um punhado de jornais na mão. Pedi um para ele, que me disse que estava recolhendo jornais velhos. Porém, vi que ele segurava a mesma edição distribu ída um pouco antes “;, relatou um bancário da Torre.
No Casa 1, segundo o dirigente sindical e bancário do Santander Roberto Paulino, outros exemplares de edições anteriores da Folha Bancária, inclusive tratando da Campanha Nacional, também foram recolhidos.
“;Trata-se de uma atitude antissindical, uma tentativa de censurar o jornal ferindo a liberdade de opinião e o direito de organização dos trabalhadores. De forma autoritária, sem qualquer comunicação ou diálogo e agindo nas sombras, a direção do banco sabotou o nosso trabalho, a nossa liberdade de organização sindical, manifestação e opinião “;, enfatiza o dirigente.
“;A Folha Bancária era confiscada na ditadura. Da í surgiu a Folha Bancária Livre, como resistência, pois ninguém pode calar a voz dos trabalhadores e o clamor por justiça. Será que agora a direção do Santander virou saudosista dos tempos de chumbo, querendo flertar com as candidaturas autoritárias? Não conseguirão nos calar. A Folha Bancária é livre! “;, acrescentou.
Alerta aos trabalhadores
A última edição da Folha Bancária traz informações relevantes sobre as eleições de outubro e um importante alerta para os trabalhadores: os parlamentares e os partidos pol íticos que votaram pela retirada de direitos dos trabalhadores e da população em geral. Para isso, mostra na capa os partidos que votaram a favor de medidas nefastas como a reforma trabalhista, a terceirização sem limites e a chamada PEC do Teto (Emenda Constitucional 95), que congelou investimentos da União por 20 anos, reduzindo assim recursos para áreas essenciais como saúde e educação.
“;é um absurdo, e uma poss ível cena que poderemos ter caso não façamos boas escolhas nas urnas. Estamos em um momento decisivo para os rumos do pa ís, e o Sindicato de São Paulo e Osasco divulgava nesse exemplar a relação de parlamentares que votaram contra os trabalhadores. Houve censura da direção do Santander, um banco cujo presidente faz campanha e que apoiou a reforma trabalhista, a apoiaria a reforma da Previdência, que a mobilização dos trabalhadores conseguiu barrar até agora, e outras tentativas do governo ileg ítimo de Temer de precarização das relações trabalhistas “;, comenta a vice-presidente do SindBan, e Bancária do Santander, Angela Savian.
Jornais recuperados
Roberto Paulino conseguiu, no fim da tarde de quarta-feira, reaver cerca de mil exemplares do jornal que haviam sido apreendidos no Casa1/Radar. A mesma quantidade que havia sido distribu ída pelos dirigentes antes que os seguranças sequestrassem os exemplares a mando a diretoria do Santander.