Novembro é mês de combate à violência contra a mulher

Neste mês de novembro, a luta contra a violência à mulher será tema de uma campanha desenvolvida pela Secretaria de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

As atividades culminam no dia 25, o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher. A secretária da Mulher da Contraf-CUT, Elaine Cutis, fala sobre a campanha e como é a luta dentro da categoria bancária, que já registrou conquistas importantes este ano.

Sindban Acolhe -; Desde março deste ano, o Sindban mantém o programa Sindban Acolhe: um serviço de acolhimento e orientação a bancárias v ítimas de violência.

O Sindban Acolhe oferece atendimento jur ídico, psicológico e assistencial às mulheres v ítimas de violência doméstica. Em parceria com a Rede de Atendimento e Proteção à Mulher, auxilia as v ítimas em questões c íveis (divórcio, guarda, pensão, danos moral, patrimonial ou estético, entre outras) e penais (medida protetiva e demais ações da Lei Maria da Penha). Isso inclui uma articulação com o Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM), com a Defensoria Pública, com a Delegacia de Defesa da Mulher e OAB.

História – Em 25 de novembro de 1960, três irmãs, Pátria, Minerva e Maria Teresa Mirabal, foram assassinadas na República Dominicana, por forças militares do então ditador Rafael Leónidas Trujillo. A data foi assumida pelo movimento de mulheres de todo o mundo. “;Dos anos 1960 para cá, tivemos importantes conquistas, mas as mulheres ainda hoje são as grandes v ítimas de uma cultura patriarcal e machista que permanece fortemente enraizadas na sociedade. Os altosíndices de violência contra a mulher registrados é a prova cabal disso. A questão da violência ainda permanece um grave problema a ser enfrentado “;, disse Elaine Cutis.

A secretária, porém, faz uma observação sobre a atual situação. “;A despeito dos números, o atual governo brasileiro, com suas posições conservadoras, preconceituosas e misóginas, reforça esta cultura machista. Além de promover um verdadeiro desmonte das redes de enfrentamento à violência contra a mulher com drásticos cortes no orçamento destinado à essa pol ítica espec ífica “;, alerta.

Conquista – A categoria sempre teve uma forte atuação nas questões de gênero, tanto que foi a primeira a conquistar Cláusula de Igualdade de Oportunidades em acordo coletivo e uma mesa de negociação permanente. A mais recente conquista ocorreu em março deste ano, a assinatura de acordo nacional entre a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e o Comando Nacional dos Bancários que garante a prevenção, apoio e acompanhamento à mulher que for v ítima de violência doméstica e familiar. Também estabelece canal de atendimento às mulheres v ítimas de violência doméstica. Esse acordo foi incorporado na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), em setembro.

“;A violência doméstica afeta principalmente a habilidade e produtividade da v ítima no emprego, se manifestando através de episódios de absente ísmo, atrasos no trabalho, redução momentânea capacidade decisória e concentração, aumento do n ível de estresse, reduz momentaneamente a produtividade, começa a não cumprir as metas “;, observa a secretária de Mulher da Contraf-CUT.

Até 2019, os bancos não possu íam um programa para acolher e apoiar as trabalhadoras v ítimas de violência doméstica. “;A falta de orientação por parte dos bancos contribui para a continuidade da cultura de violência e uma punição da própria v ítima do processo. Se ela não cumpre a meta, é mandada embora “;, ressalta Elaine Cutis. Essa dupla punição sofrida pela bancária (violência e demissão) foi discutida com a Fenaban na mesa de negociações de Igualdade e Oportunidades.

Avaliação positiva – “;Mostramos para eles que algumas empresas já têm esse canal e a avaliação é bastante positiva. Pode ser uma ótima trabalhadora que está sendo afetada em um momento cr ítico e é demitida porque não havia na empresa um olhar adequado para essa situação “;, afirma a secretária da Mulher da Contraf-CUT

Na CCT assinada em setembro, está estabelecido um programa de combate à violência. Além da criação do canal, a cláusula trata de ações de caráter preventivo para lidar com a questão como, por exemplo, o treinamento de gestores para lidar com a situação e identificar sinais de que uma bancária possa estar sendo v ítima de violência. Elaine Cutis lembra que existem condições especiais para as v ítimas de violência. “;O canal faz acolhimento das v ítimas, oferece atendimento psicológico, social, para orientar sobre os caminhos para romper com o ciclo da violência. Também prevê a possibilidade de um acompanhamento, para eventualmente transferir aquela mulher do local de trabalho, para um endereço sigiloso. Prevê também a possibilidade de uma linha de crédito ou financiamento especial para as mulheres. Têm muitas v ítimas que não conseguem sair da situação porque têm uma dependência financeira do marido “;, explica a secretária.

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