Mesmo lucrando, bancos seguem demitindo

Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) na segunda-feira 23 mostram que os bancos continuam aumentando seus lucros por meio da estratégia de cortar postos de trabalho e contratar bancários pagando salários mais baixos do que ganhavam os demitidos.

De janeiro a outubro de 2015 foram extintas 6.319 vagas. Em outubro foram 235 postos a menos. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), compilados pelo MTE.

E além de lucrar com as vagas a menos, os bancos ainda ganham recontratando com salários mais baixos. O Caged revela que os admitidos em outubro ganham em média 66% do que os demitidos no mesmo mês. No acumulado do ano, os ganhos dos contratados representam 56% daquilo que recebiam os dispensados.

A discriminação de gênero também segue forte, embora tenha diminu ído. O salário das mulheres admitidas entre janeiro e outubro de 2015 corresponde a 81% do que ganham os homens contratados no mesmo per íodo. Entre os demitidos essa relação era de 76%. Se for levado em consideração apenas o mês de outubro, o salário das admitidas representa 71% do que recebem os contratados. Já entre os dispensados, as mulheres recebem 67% do que seus colegas que foram mandados embora.

A estratégia resulta boa somente para os bancos. As cinco principais instituições financeiras que atuam no pa ís (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander) lucraram R$ 56 bilhões nos primeiros nove meses de 2015, aumento de 24% em relação ao mesmo per íodo de 2014, quando ganharam R$ 45,2 bilhões.

Para Marta Soares, diretora executiva do Sindicato e bancária do Itaú, o setor recebe muito da sociedade por meio da cobrança de tarifas e dos juros que estão entre os mais caros do planeta, mas em contrapartida oferece muito pouco retorno. “;Diante da lucratividade astronômica do sistema financeiro, nós avaliamos que este é um segmento que deveria proporcionar mais emprego para a sociedade. Mas o que observamos diariamente são demissões e mais demissões. E nas agências ou polos administrativos, quem permanece tem sua rotina sobrecarregada, mas somente com o que lucram com as altas tarifas que abocanham da sociedade poderiam contratar milhares de novos empregos “;, afirma a dirigente.

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