“Convenções coletivas de trabalho como esta dos bancários, assim como o dos petroleiros, devem ser divulgadas para os trabalhadores de todas as categorias, para que eles possam conhecer essas experiências bem sucedidas e os ajudem na discussão de como conquistar seus próprios contratos coletivos.”
A sugestão foi feita nesta terça-feira 6 de novembro pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura da 1ª Conferência Nacional de Negociação Coletiva promovida pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM-CUT), em São Bernardo do Campo (SP). Depois do pronunciamento de Lula, o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, foi convidado a fazer uma apresentação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários, que está completando 20 anos.
Veja aqui o caderno publicado pela Contraf-CUT em comemoração ao 20º aniversário da CCT, o mesmo que Lula está segurando na foto.
“O contrato coletivo de trabalho é resultado da evolução do movimento sindical e é essencial para contemplar as principais necessidades do conjunto da categoria. Por isso, o desafio da CNM/CUT é o de, a partir de agora, fazer uma programação para que ele seja conquistado”, acrescentou Lula, convidado de honra da Conferência, que reúne mais de 180 dirigentes sindicais metalúrgicos de todo o pa ís e tem como objetivo apresentar no final um conjunto de propostas que sirvam de base para um esboço de convenção coletiva nacional da categoria.
Na abertura do evento, Paulo Cayres, presidente da CNM/CUT, lembrou que a busca do acordo nacional foi o que motivou a criação da própria Confederação. “é preciso reduzir as diferenças existentes entre os direitos da categoria, especialmente o salarial. E o movimento sindical tem uma grande responsabilidade nisso, pois é seu papel também buscar a distribuição de renda no pa ís”, disse.
Unidade nacional
Lula fez os elogios à CCT dos bancários porque ela é a única no pa ís assinada por uma categoria de trabalhadores com múltiplas empresas que garante os mesmos salários e os mesmos direitos em todo o território nacional. Por essa razão os metalúrgicos convidaram a Contraf-CUT a apresentar a CCT dos bancários em sua conferência.
“é um imenso prazer poder participar dessa conferência e compartilhar com os companheiros metalúrgicos a experiência dos bancários com as negociações coletivas nacionais”, agradeceu Carlos Cordeiro.
O presidente da Contraf-CUT fez um histórico do processo de organização da categoria bancária pós-ditadura militar, quando havia uma grande fragmentação e os acordos salariais eram assinados banco a banco e regionalmente, resultando em diferenças de salário e de direitos.
“Nossa atual organização foi conquistada em décadas de lutas e de busca da unidade nacional”, afirmou Carlos Cordeiro, lembrando esse processo passou pela conquista da unificação nacional da data-base em 1982, pela fundação do Departamento Nacional dos Bancários (DNB-CUT) em 1985, pela unificação do piso salarial em 1991, pela transformação do DNB em Confederação (CNB-CUT) em 1992, mesmo ano em que foi assinada a CCT, e a fundação da Contraf-CUT em 2006, com o objetivo de buscar a representação de todos os trabalhadores do ramo financeiro, além dos bancários.
O presidente da Contraf-CUT informou ainda que, além da negociação da CCT com a Fenaban, os bancários possuem simultaneamente outras instâncias de negociação com os bancos, como os aditivos espec íficos com os bancos públicos federais e estaduais e as mesas temáticas sobre saúde do trabalhador, igualdade de oportunidades, terceirização e segurança bancária.
Organização, mobilização e negociação
“Mas gostaria de destacar particularmente a nossa experiência bem-sucedida das Comissões de Organização de Empresa (COE), que eu considero o coração da Contraf-CUT porque esses coletivos são responsáveis pela organização, mobilização e negociação em todos os grandes bancos em todo o pa ís”, acrescentou Cordeiro.
Além da Contraf-CUT, participaram da Conferência dos Metalúrgicos o coordenador da Federação única dos Petroleiros (FUP), João Antônio de Moraes, e o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria da Construção e da Madeira, Cláudio da Silva Gomes.
Os petroleiros também têm uma convenção coletiva nacional (mas assinada com uma única empresa, a Petrobras) e os trabalhadores da construção civil estão em vias de conquistar um contrato nacional de trabalho com as empreiteiras que tocam as grandes obras de infra-estrutura do pa ís, principalmente as que fazem parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).
Fonte: Contraf-CUT, com CNM-CUT