Em assembleia geral realizada na noite de hoje, no Teatro São José, os bancários decidiram entrar em greve por tempo indeterminado a partir da 0h do dia 18, até que a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) apresente uma nova proposta para ser colocada em votação pela categoria.
O Comando Nacional dos Bancários apresentou proposta à Fenaban em 1º de agosto e até o momento não houve avanços nas negociações. A categoria, que tem data base em 1º de setembro, pede entre outras reivindicações: reajuste salarial de 10,25% (aumento real de 5%); piso salarial de R$ 2.416,38; PLR (Participação dos Lucros e Resultados) de três salários mais R$ 4.961,25 fixos; Plano de Cargos e Salários para todos os bancários; elevação para R$ 622 os valores do aux ílio-refeição, da cesta-alimentação, do aux ílio-creche/babá e da 13ª cesta-alimentação, além da criação do 13º aux ílio-refeição; mais contratações, proteção contra demissões imotivadas e fim da rotatividade; fim das metas abusivas e combate ao assédio moral; mais segurança; e igualdade de oportunidades.
No entanto, a proposta apresentada pela Fenaban durante a mesa de negociação do último dia 28 de agosto, foi de reajuste de 6%, o que representa 0,58% de aumento real e que não agradou a categoria bancária. Uma nova rodada de negociação foi realizada no último dia 4 de setembro e os empregadores não apresentaram nova proposta e nem ao menos avançaram nas cláusulas sociais.
Dessa forma, o Comando Nacional dos Bancários decidiu que a categoria fizesse uma assembleia geral no dia 12, para que se votasse pela deflagração da greve. O comando alerta que está aberto às negociações, que podem ser feitas até o dia 17. No entanto, se não houver nenhuma manifestação por parte dos bancos, a greve é certa.
Dirigentes do Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região tem atuado ativamente para que as negociações se resolvam na mesa e que não seja necessário entrar em greve. Nesta semana, o presidente e a vice-presidente da entidade, José Jaime Perim e ângela Savian estiveram em São Paulo acompanhado do vereador José Antonio Fernandes Paiva, que criou uma moção de apelo para ser entregue à Fenaban, solicitando a reabertura das negociações salariais dos bancários.
Durante a visita o vereador e bancário, também entregou a moção de apelo aos membros do Comando Nacional dos Bancários, no sentido de mostrar que a base de Piracicaba também anseia para que as negociações sejam fechadas na mesa. Os dirigentes sindicais, aproveitaram a visita para prestar contas de todas as atividades que a base de Piracicaba tem feito desde o in ício da Campanha Nacional da categoria.
Após a visita no comando Nacional, os dirigentes sindicais José Jaime e ângela estiveram na Feeb -; SP/MT (Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul) para discutir quais as estratégias de greve que serão adotadas pelos bancários em todo pa ís, caso nenhuma nova proposta seja feita pela Fenaban.
A quase totalidade dos acordos salariais assinados no primeiro semestre em setores econômicos menos lucrativos que o financeiro teve aumentos reais. Os ganhos dos trabalhadores desses segmentos chegaram a mais de 5% acima da inflação. é um gritante contraste com o 0,58% de aumento real proposto pela Fenaban aos bancários.
Os seis maiores bancos, que empregam mais de 90% da categoria, lucraram R$ 25,2 bilhões somente no primeiro semestre. E ainda provisionaram R$ 39,15 bilhões para devedores duvidosos (PDD), 64,3% a mais que o lucro l íquido. é um disparatado truque contábil para uma inadimplência que cresceu apenas 0,7 pontos percentuais no mesmo per íodo.
Com essa maquiagem nos balanços, diminuindo artificialmente os lucros, as instituições financeiras apresentaram proposta que reduz a PLR da categoria. Para fugir dessa armadilha, os bancários reivindicam uma nova forma de cálculo da PLR, equivalente a três salários mais R$ 4.961 fixos. Mas os banqueiros rejeitam.
Ao também negarem reajuste decente no piso, os bancos mais uma vez demonstram ganância excessiva e falta de respeito em relação àqueles que produzem os seus resultados fantásticos.
Pesquisa realizada pela Contraf-CUT junto a entidades sindicais sul-americanas mostra que o piso salarial dos bancários brasileiros é um dos mais baixos no continente. Enquanto os bancos pagam piso de 1.090 dólares no Uruguai e de 1.200 dólares na Argentina, aqui no Brasil é de apenas 681 dólares (ou seja, R$ 1.400). Isso significa que o piso do bancário hoje é 58% do salário m ínimo do Dieese de R$ 2.416, o que está sendo reivindicado.
Os banqueiros recusam-se ainda a discutir o emprego e mecanismos que dificultem as demissões imotivadas, além do fim da rotatividade, pol ítica deliberada que eles empregam para fechar postos de trabalho e reduzir a massa salarial da categoria.
Nos últimos oito anos, os bancários conquistaram com grandes mobilizações e greves 13,9% de aumento real nos salários e 31,7% no piso. Mas a média salarial da categoria cresceu apenas 3,6% nesse per íodo, em razão da rotatividade, pelo qual bancários com salários mais altos são demitidos para a contratação de outros com remuneração mais baixa, principalmente nos bancos privados. é preciso pôr um fim a esse mecanismo nefasto, que não existe em outros pa íses, só no Brasil.
Ao contrário desse tratamento de arrocho para com os trabalhadores, os bancos aumentam de forma desproporcional a remuneração já milionária de seus altos executivos. é uma premiação àqueles encarregados de promover a redução de custos com enxugamentos de salário e emprego, de fixar as metas abusivas, incentivar o assédio moral e investir pouco em segurança.
Segundo dados fornecidos pelas próprias instituições financeiras à CVM, a remuneração média dos diretores estatutários de quatro dos maiores bancos em 2012 será 9,7% superior à do ano passado, o que significa um aumento real de 4,17%. Assim, cada um desses diretores do BB receberá este ano mais de R$ 1 milhão, os do Bradesco embolsarão R$ 4,43 milhões, os do Santander R$ 6,2 milhões e os do Itaú R$ 8,3 milhões cada um.
é essa diferença de tratamento entre a base e o topo da pirâmide social que dá ao Brasil papel de destaque em um vergonhoso ranking: é um dos 12 pa íses mais desiguais do planeta e o quarto com a pior distribuição de renda na América Latina.
No dia 5 de setembro o Comando Nacional enviou carta à Fenaban informando sobre o calendário de mobilização e reafirmando a importância de se buscar um acordo negociado. Mas até agora os bancos não deram nenhuma resposta.
Assim como o Comando está aberto ao diálogo, também preparados para defender os direitos da categoria com dignidade, recorrendo à greve a partir do dia 18. Para isso, é fundamental agora que a categoria bancária mantenha a unidade nacional. “;Precisamos caminhar juntos, nos bancos públicos e privados, para buscarmos o aumento real e ampliarmos as conquistas. Nossa unidade e mobilização são as principais armas contra os banqueiros “;, ressalta o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.
Foi com essa estratégia que os bancários fizeram em 1985 a maior greve da história da categoria, abrindo caminho para a conquista da Convenção Coletiva de Trabalho, que está completando 20 anos. Foi com o mesmo esp írito de unidade que a categoria conquistou aumento real nos últimos oito anos. Mais uma vez a união será decisiva para a a mobilização e para as novas conquistas.
Fernanda Moraes com Contraf-CUT
Coordenadora de Comunicação do Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região
(19) 3417-1333 / 9171-7716