GOVERNANçA SOCIAL…
José A. F. Paiva
Grande parte da dinâmica do desenvolvimento verificado em diversas partes do mundo, não vem das pessoas que gritam mais esperando o desenvolvimento, mais sim das pessoas que na base da sociedade arregaçam as mangas e tocam as coisas pra frente. Neste sentido acho importante discutirmos o desenvolvimento regional na perspectiva de reorganização da sociedade e porquê? Por quê verificamos uma transformação acelerada do planeta, com grandes dramas e a polarização entre ricos e pobres; tragédias ambientais no planeta, em particular a destruição da vida nos mares através das sobre pescas; nós temos os dramas do aquecimento global; o problema do ozônio; a destruição das florestas; a erosão dos solos; o esgotamento dos lençóis freáticos das águas subterrâneas. Não estou aqui para fazer um muro das lamentações de Jerusalém, mas, basicamente o desafio é este: do jeito que nós nos organizamos como Planeta frente aos nossos desafios, a gente fica só repetindo – economia de mercado, globalização, etc – os governos (municipal, estadual, federal) devem fazer alguma coisa. Na realidade, o desafio que nós temos pela frente é o desafio que temos chamado hoje de Governança, de organização da sociedade para que ela funcione. Este argumento é um pouco complicado, porque de uma forma geral, em termos de tecnologia, o Ser Humano é muito bom. Nós inventamos aparelhos de precisão, aparelhos para ir á Lua… Mas, para organizarmos o conv ívio civilizado entre humanos, para elegermos e escolhermos bons pol íticos, para montarmos sistemas de colaboração eficazes, para fazermos uma sociedade civilizada, vamos dizer assim, somos notoriamente fracos e ruins, e a coisa anda muito devagar. Então, o desafio hoje não é tanto inventarmos novas tecnologias como o computador mais potente, e sim conseguirmos criar e desenvolver tecnologias organizacionais. é indispensável discutirmos não apenas como se organiza o capital material, mas como organizarmos o capital social, como organizarmos formas racionais de organização da sociedade. A nossa sociedade (Brasil) hoje, se caracteriza pela desigualdade. Numa discussão que vale apenas fazer para se entender a que ponto chega a desigualdade em nosso pa ís, 1% DOS BRASILEIROS MAIS RICOS consomem 15% do PIB, enquanto que a METADE MAIS POBRE DA POPULAçãO (CERCA DE 90 MILHõES DE BRASILEIROS) consomem 12%. Isto significa que, o pessoal de cima, as MADAMES que consomem na DASLU ou coisas do gênero, no conjunto consomem mais que 90% da sociedade. Este fenômeno é muito discutido internacionalmente e é um conceito internacional que os ingleses chamam de BRASILEIRIZAçãO: ruptura entre ricos e pobres. é um perigo, dizem eles, se adotarmos “;tal pol ítica “; em tal pa ís nós vamos fazer uma ruptura entre ricos e pobres e vai haver uma Brasileirização. Portanto, qualquer discussão sobre a Governança, sobre a construção do capital social no pa ís, tem que partir deste desafio. Esta clivagem social entre ricos e pobres têm por sua vez uma dimensão econômica. é muito comum a utilização de palavras como inclusão social… responsabilidade social…. no entanto, na maioria das vezes a análise do conteúdo destas palavras é feita na lógicas da sociedade de consumo e na visão estritamente capitalista, da inclusão no bolsão dos capazes de adquirirem bens de capital e ai serem divididos em classes de consumo pela renda. O nosso papel enquanto agentes pol íticos, sejam de entidades sindicais, movimentos populares, partidos pol íticos, ONGs, é o de debatermos um modelo de Governança Social que busque reduzir as distâncias de acesso à VIDA em sua plenitude, entre ricos e pobres, através da consciência da necessidade da participação na definição das pol íticas públicas, a filantropia é uma ação de solidariedade curativa, porém, precisamos operar ações preventivas e estruturais de transformação social. é o nosso desafio, e o nosso compromisso.
José Antonio Fernandes Paiva, 49. Presidente do Sindicato dos Bancários de Piracicaba Vice-Presidente Federação Empregados Estabelecimentos Bancários SP/MS