“;A solução para acabar com a desigualdade está na organização “;. Esta é a constatação da secretária de Pol íticas para Mulheres da (Contraf-CUT) Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Deise Recoaro, durante sua palestra ministrada na tarde de hoje, 20, na sede do SINDBAN (Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região). A palestra “;Desigualdade de Gênero no Mercado de Trabalho: Ação e Solidariedade “; foi ministrada nesta tarde dentro do cronograma da programação da Semana da Mulher, promovida pelo mandato do vereador José Paiva (PT) com apoio do Sindicato.
Deise falou sobre o papel da mulher na sociedade para diminuir esta desigualdade entre gêneros a diretores do Sindicato e estudantes do Senac, acompanhados de seus professores. A palestrante apresentou números sobre a discriminação de mulheres nos bancos, dados das bases administrativas do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). Entre eles está o comparativo de remuneração e escolaridade entre homens e mulheres, constatando o que o Perfil da Mulher Bancária já apresentou: mulheres são mais qualificadas e ganham menos.
Segundo a pesquisa apresentada por Deise, 72% das bancárias brasileiras têm Ensino Superior Completo, contra 66% dos homens. Dados apontam ainda que as mulheres predominam nas faixas salariais inferiores, já que a maioria dos bancários que recebem mais de R$ 10 mil mensais são os homens – 17% contra 13% das mulheres -, apresentando uma diferença ainda maior no patamar acima de R$ 20 mil -; 8% contra 3% de mulheres.
Outro dado que mereceu destaque foi a diferença de salário entre bancários que possuem doutorado. Segundo o estudo, as mulheres que possuem doutorado e trabalham nos bancos recebem 56% a menos que os bancários. “;Esta pesquisa demonstra como é privilégio ser homem na categoria. Elas estudam mais e ganham menos, mesmo sendo mais solidárias que os homens. E esta realidade também é vista dentro das organizações, onde no máximo 30% das mulheres ocupam cargos de diretoria. Porém, em lugares como esse Sindicato, vemos que a democracia permanece, pois 44% da diretoria do SINDBAN é composta por mulheres. Isso é democracia e é por isso que temos que lutar “;, afirmou.
Deise acrescentou que as mulheres precisam se portar como tais, pois elas não nascem assim, tornam-se mulheres. “;Ser mulher é construção social. As mulheres precisam se organizar para conquistar seus espaços e levar para a comunidade seus problemas e dilemas. As mulheres precisam entender que não estão sozinhas, que podem buscar apoio de entidades e sindicatos, como o SINDBAN, para difundirem as informações e propagarem suas lutas “;, salientou.
A vice-presidente do SINDBAN, Angela Ulices Savian, acrescentou que as estudantes presentes na palestra são o instrumento de mudança para as próximas gerações e deixou o Sindicato à disposição para apoiar causas de transformação social e contra a discriminação.
A palestrante agradeceu a recepção e disse que estava muito feliz em fazer parte das comemorações da Semana da Mulher em um Sindicato que é pioneiro em fazer diagnósticos da categoria em sua base com pesquisas, citando o Perfil Bancário. Acrescentou ainda que o Sindicato é referência nacional para temas como o a desigualdade, quando apresentou na última Conferência Nacional a proposta de minuta de obrigatoriedade de 20% de negros na categoria bancária, antes mesmo da presidenta Dilma assinar o projeto de lei de cotas para negros, que institui m ínimo de 20% de vagas para negros no serviço público.
O presidente do Sindicato e vereador, José Paiva, reforçou que o Sindicato e o mandato estão à disposição e convidou a todos para levarem a discussão proposta por Deise às suas casas, despertando em suas fam ílias a igualdade de tratamento. “;Esta é uma discussão que o Sindicato faz há muito tempo e não podemos parar. Conquistamos muitos avanços, mas ainda temos muito que lutar, principalmente pela igualdade entre gêneros, pois não existe sociedade harmônica sem igualdade! “;, finalizou.
NúMEROS APRESENTADOS -; O estudo do MTE aponta que as bancárias somam 48,7% da categoria no Brasil, respondem por 52% do quadro nos bancos privados e recebem em média 23,9% menos que os homens. Uma mulher com doutorado recebe 56% menos que um homem com o mesmo t ítulo e as mulheres negras representam apenas 8% da categoria.
Texto: Michelle Bottin DRT/PR 7704
Fotos: Elison Godoy Ferreira
Desigualdade de gênero: a solução está na organização
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