Para organizar, é necessário conhecer. E ter um panorama completo do número de financiários no pa ís, e suas condições de trabalho, não é tarefa fácil para o movimento sindical. Levantamento do Dieese, a partir da RAIS e 2014- Relação Anual de Informações Sociais, revela que no ramo financeiro há 865.950 trabalhadores, os quais não estão só em bancos, mas em cooperativas, empresas de seguros, previdência e financeiras. De acordo com a pesquisa, o número de financiários é de 7.772, mas muito trabalhadores estão registrados em outros ramos e a Contraf-CUT estima um número superior, que pode chegar a 500 mil em todo o Brasil.
A pesquisa foi apresentada nesta sexta-feira (13), no segundo dia da 1ª Conferência Nacional dos Financiários, na sede da Confederação, em São Paulo, servirá de base para a organização da categoria dentro do ramo financeiro, e para as reivindicações dos trabalhadores.
O secretário-geral da Contraf-CUT, Carlos de Souza, afirmou que é preciso entender as caracter ísticas do trabalho e a realidade de cada financiário para a organização dos trabalhadores. “;Muitos não sabem que são representados pela mesma Confederação que concentra os bancários. Ter uma representação que englobe todo o ramo precisa ser bem trabalhada, e não deixa de ser nosso objetivo, mas precisamos conhecer cada categoria, lotéricos, cooperativados, até os vigilantes que estão no ramo. Temos uma grande estrada pela frente e a Contraf fica feliz em abrir este debate com a primeira conferência nacional dos financiários “;, ressaltou o secretário.
Para Marcelo Azevedo, diretor da Contraf-CUT e do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, romper com corporativismo dentro do local de trabalho é fundamental para a organização dos financiários. “;Conhecer todo o ramo é lutar contra a terceirização e debater a questão da contratação diferenciada. Precisamos elaborar pol íticas de inclusão em todos os setores do ramo “;, defendeu.
Formação sindical
Qualificar os dirigentes sindicais para as campanhas salariais e mobilização da categoria também é outro desafio levantado pelos dirigentes sindicais durante a Conferência. “;A importância desta mesa é mostrar onde estão localizados estes trabalhadores. Vai ficar como dever de casa conhecer de perto a categoria. Quando conversamos com os trabalhadores, eles participam do sindicato. Em São Paulo, vamos fazer um encontro de formação espec ífico com os financiários, trazer estes trabalhadores para a luta “;, explicou Marta Soares, secretária de Imprensa do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Larissa Ribeiro, diretora da Fetec/CN, elencou os problemas enfrentados pelos financiários no ambiente de trabalho. “;A terceirização realmente está aumentando, outras categorias fazem o trabalho dos financiários. Os trabalhadores nem sempre tem o hábito de ir às assembleias dos sindicatos. Em Bras ília, tenho visitado as financeiras e conversado com os funcionários e gerentes para acompanhar o dia a dia e identificar as demandas dos funcionários “;.
“;O principal é chegar perto da base “;, reafirmou a diretora da Fetec-PR, Katlin Salles. “; No Paraná fizemos uma consulta ao finaciários sobre a campanha nacional, assim como fazemos com os bancários, e foi extremamente positivo. Já temos um link no nosso site destinado à categoria. Identificar a situação dos trabalhadores e mapear o que temos é um passo importante para cada representação sindical “;.
O vice-presidente da FEEB SP/MS, Jeferson Boava, também integrou a mesa de Organização do Ramo e chamou os trabalhadores à integração. “;Primeiro temos que quebrar barreiras entre bancários e financiários, a unidade é necessária para conquistar avanços e construir um processo de representação de fato “;, concluiu.
A Conferência segue neste sábado, com encaminhamentos e conclusões.