O rápido crescimento da adesão à greve dos bancários em todo o pa ís levou a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) a recuar e chamar a categoria para uma nova rodada de negociações. O encontro começa às 17h desta sexta-feira, 3, com o Comando Nacional dos Bancários, em São Paulo. O mesmo ocorreu com a Caixa Econômica, o Banco do Brasil e o BNB que chamaram novas rodadas de negociações para hoje, às 18h.
“;A abertura se deu pelo fortalecimento do movimento. Esperamos propostas justas para levar à assembleia “;, destacou a presidenta do SINDBAN (Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região), Angela Ulices Savian, que enviou ao encontro em São Paulo representantes do Sindicato.
Em Piracicaba e Região a mobilização da categoria cresce dia a dia. “;Hoje, quarto dia, mantivemos o movimento muito forte “;, lembrou a presidenta.
No primeiro dia de paralisação, 30 de setembro, o SINDBAN havia registrado 42 postos de atendimento fechados. Esse número mais que dobrou no segundo dia e triplicou no terceiro. Ontem, foram registrados 101 postos fechados em 14 das 22 cidades da base do Sindicato, número que se repetiu nesta sexta-feira.
QUADRO -; Continuam paralisadas as principais agências do Centro de Piracicaba, Vila Rezende, Vila Independência, Carlos Botelho, Piracicamirim, Santa Terezinha, Paulicéia e Paulista. Além das cidades águas de São Pedro, Capivari, Cerquilho, Tietê, Laranjal Paulista, Conchas, Rio das Pedras, Saltinho, Santa Bárbara D’Oeste, São Pedro, Rafard, Pereiras e Charqueada.
Em todo o Brasil, até ontem, 9.379 agências e centros administrativos públicos e privados fechados nos 26 estados e Distrito Federal.
FISCALIZAçãO E SEGURANçA -; Já surtiu efeito a denúncia feita nesta quinta-feira, 3, pelos diretores do SINDBAN ao Ministério do Trabalho de Piracicaba (MTE) quanto ao crime contra organização de trabalho praticada por gestores de dois bancos. Eles convocaram os bancários a trabalhar a partir das 16h, infringindo artigos de proteção ao trabalhador. “;Soubemos que a fiscalização esteve nos locais a fim de se fazer cumprir a Lei “;, destacou a presidenta, Angela Ulices Savian.
A segurança é apenas um dos itens que preocupa a categoria. Nos últimos dias é frequente not ícias de ataques a caixas eletrônicos no Estado. “;Hoje pela manhã, tivemos uma tentativa de assalto à agência do Santander, na Esalq “;, lembrou a presidenta. “;Graças a Deus não houve maiores consequências, mas o trauma fica “;, alerta a presidenta.
Neste caso, parte da quadrilha manteve o segurança como refém dentro do carro, enquanto outros, armados, entraram na agência e renderam o gerente e mais uma pessoa do apoio da greve. “;A sorte foi o responsável pela tesouraria não ter chegado tão cedo e o alarme ter soado na Pol ícia “;, contou um dos reféns. A ação, que durou cerca de 40 minutos, terminou com a fuga dos bandidos, que libertaram o segurança na sa ída para Rio Claro.
“;Segurança é uma questão muito séria. Nós sofremos muito, porque em alguns casos somos convocados para trabalhar até a noite. Isso é um abuso, mas se não acatamos, principalmente nós de bancos privados, após a greve, somos os primeiros a perder o emprego “;, desabafou um bancário.
As dificuldades enfrentadas pela categoria são inúmeras. No caso do bancário, de 23 anos, de outra agência privada, a indignação é quanto à falta de respeito com os próprios clientes. “;Têm dias que de quatro caixas eletrônicos, apenas um funciona. E nós que estamos na linha de frente de aux ílio aos clientes somos xingados. Na verdade, massacrados pela população, que não entende que a solução do problema não depende de nós, mas sim dos banqueiros. “;
Texto: Lilian Santos MTB-SP 21.858
Fotos: Camila Gandolfi