Os bancários condenaram nesta quarta-feira, 24, as privatizações no governo FHC e reforçaram o pedido de instalação de uma CPI na Câmara dos Deputados, durante o lançamento com debate do livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, dentro das atividades do Fórum Social Temático (FST) 2012.
Surpresa e nocaute
Amaury se disse surpreso pelo fato de um livro sobre privatizações ter vendido tanto em tão pouco tempo. “Como lancei o livro em diversos locais, percebi que o assunto atingia diversas categorias”, afirmou.
Se o livro deixou indignados aqueles que já o leram, Amaury confessou que só uma parte dos crimes foi denunciada na obra. Ele defendeu a abertura de uma CPI para investigar as privatizações na Câmara dos Deputados. “Só assim saberemos de tudo o que aconteceu e desvendaremos essa história. Os crimes já estão prescritos, mas as mesmas pessoas que estão no livro continuam agindo de forma semelhante, utilizando a estrutura do Estado para cometer delitos”.
O autor revelou que investiga mil coisas e que deve escrever um novo livro. Entre os temas que demonstra interesse está a famigerada Lista de Furnas. “A gente está trabalhando nisto sim. Tem alguns focos a í. Tem a Lista de Furnas. Sempre que a Veja começa a inventar que algo é falso é porque está pegando fogo. A gente quer saber se é verdadeiro”. O novo trabalho, no entanto, deve levar algum tempo.
O jornalista também revelou que negocia com mais de uma empresa os direitos do livro para virar filme. “O que eu mostrei aqui foi pequeninho, foi o que eu consegui pegar. A roubalheira foi muito maior”, disse revelando que já entregou documentos para a Pol ícia Federal e que, se a CPI não sair, entrará com uma ação no Ministério Público.
Para Amaury, haverá movimentos populares em todo o pa ís pressionando pela criação da CPI quando acabar o recesso parlamentar. Ele avaliou que a repercussão do livro é muito grande, porque as privatizações afetaram diretamente a vida de muitas pessoas, o que ele tem percebido em suas andanças pelo pa ís para lançar o livro. “Achei que o livro não faria este sucesso, porque trata de economia. Andando pelo pa ís percebo que as privatizações afetaram a vida das pessoas. Acabaram com a vida de algumas pessoas”.
Ele também avaliou que o livro mudou o quadro pol ítico nacional. “Até a publicação, os tucanos eram heróis que viviam caçando ministros. Percebi que serviu também para unificar esquerdas, que perceberam que o inimigo era outro”.
O jornalista revelou que ficou nervoso com a reação que poderia sofrer com o livro, mas que a resposta dos denunciados no livro foi p ífia. “Eu fiquei nervoso, mas quando vi que as acusações para desqualificar o livro eram fraquinhas demais, a sensação foi de nocaute”. Ele informou que não sofreu nenhum processo após a publicação do livro.
CPI já
Para o deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), A Privataria Tucana é mais do que um livro. é um documento com revelações suficientes para a instalação de uma CPI. Ele criticou a postura de setores da m ídia que não deram espaço ao lançamento do livro. “Ficar omisso é pior que debater”, comparou.
O parlamentar revelou que o requerimento de CPI conta com 206 assinaturas (são necessárias 171) e que quem já assinou não pode retirar o seu apoio, porque o pedido já foi protocolado. Só uma manobra da direção da Casa poderia evitar a comissão. “A expectativa é real. Há um compromisso da Câmara”, disse.
O ex-delegado da Pol ícia Federal acredita que esta CPI não será bloqueada, mesmo que a CPI do Banestado, em 2004, cujos documentos foram important íssimos para a obra de Amaury, tenha sido abafada em um “acordão” entre os blocos de oposição e situação.
“A CPI do Banestado era diferente desta. é só olhar o histórico das duas. Esta já nasce com um diferencial, com documentos publicados, com um debate público muito grande, com muitos pedidos de instalação e surge logo no in ício de um ano legislativo. Dentro do Congresso nunca teve isto”, salientou Protógenes. Ele disse ainda que até deputados de oposição têm apoiado a investigação, porque “não têm compromisso histórico com o conteúdo da CPI”.
Protógenes explicou que a CPI não deve revisar o processo de privatizações, mas sim apurar os preju ízos que causou aos cofres públicos e a terceiros. “Não se trata de revisar as privatizações, mas de analisar os preju ízos decorrentes destes processos. Tem pessoas que ficaram milionárias da noite para o dia em nosso pa ís e ficou por isto mesmo. E outras empobreceram”, frisou.
O deputado contou que o objetivo da CPI deve ser identificar as “irregularidades e il ícitos e sugerir a recomposição dos preju ízos”. Segundo ele, “a União vai ter que estudar como compor no orçamento a indenização para as pessoas lesadas”. O parlamentar não descartou, contudo, que o Estado reverta alguma privatização. “Outro ponto é que se algum serviço desta estatal tiver fraude tão desproporcional, tão imensa, entendo que tem que voltar para o Estado”.
Protógenes defendeu a abertura da CPI logo após o recesso parlamentar. “Essa não será uma CPI da Câmara de Deputados, mas sim uma CPI do Brasil e dos brasileiros”.
Fonte: Contraf-Cut
Bancários condenam privataria tucana no FST e reforçam CPI na Câmara
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