Assembleias rejeitam proposta e mantêm greve, que já reduz crédito

Seguindo orientação do Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, as assembleias da categoria realizadas nesta segunda-feira, 7, que tiveram participação massiva de trabalhadores, rejeitaram a proposta apresentada pela Fenaban na sexta-feira, 4, e decidiram continuar a greve em todo o pa ís, que nesta terça completa 20 dias. A paralisação, que continua crescendo e segundo a Serasa Experian já afeta a captação de crédito no pa ís, fechou nesta segunda 11.717 agências e centros administrativos.
Os bancários deixaram claro mais uma vez aos banqueiros que não aceitam uma proposta rebaixada, absolutamente incompat ível com a rentabilidade do sistema financeiro, com o aumento da produtividade dos trabalhadores do setor e com o lucro astronômico dos bancos, que ultrapassou R$ 60 bilhões nos últimos 12 meses.
A proposta dos bancos, de elevar de 6,1% para 7,1% (ganho real de 0,97%), foi apresentada na sexta-feira, depois de um mês de silêncio. No mesmo dia foi rejeitada pelo Comando Nacional, que enviou of ício à Fenaban reafirmando “;a necessidade de os bancos apresentarem uma nova proposta que de fato atenda às reivindicações econômicas e sociais dos bancários “;.
No 19º dia da paralisação, os bancários mantiveram fechadas 11.717 agências e centros administrativos de bancos privados e públicos em todos os 26 estados e no Distrito Federal – o que representa um crescimento do movimento de 90,6% em relação ao primeiro dia, quando 6.145 estabelecimentos financeiros foram parados.
Segundo o Indicador Serasa Experian da Demanda do Consumidor por Crédito, o número de pessoas em busca de crédito diminuiu 9,8%, em setembro, comparado a agosto, em razão da greve dos bancários. Na sexta-feira, 4, a CNDL (confederação dos lojistas) havia estimado perda nas vendas de até 30% em regiões como a Nordeste, onde o uso do dinheiro no varejo é maior, por conta da paralisação da categoria.
A nova proposta dos bancos rejeitada pelos bancários
Reajuste: 7,1% (0,97% de aumento real).
Pisos: Reajuste de 7,5% (ganho real de 1,34%).
– Piso de portaria após 90 dias: R$ 1.138,38.
– Piso de escriturário após 90 dias: R$ 1.632,93.
– Piso de caixa após 90 dias: R$ 2.209,01 (que inclui R$ 391,13 de gratificação de caixa e R$ 184,95 de outras verbas).
PLR regra básica: 90% do salário mais valor fixo de R$ 1.694,00 (reajuste de 10%), limitado a R$ 9.011,76.
PLR parcela adicional: 2% do lucro l íquido distribu ídos linearmente, limitado a R$ 3.388,00 (10% de reajuste).
Aux ílio-refeição: de R$ 21,46 para R$ 22,98 por dia.
Cesta-alimentação: de R$ 367,92 para R$ 394,04.
13ª cesta-alimentação: de R$ 367,92 para R$ 394,04.
Aux ílio-creche/babá: de R$ 306,21 para R$ 327,95 (para filhos até 71 meses). E de R$ 261,95 para R$ 280,55 (para filhos até 83 meses)
Adiantamento emergencial – Não devolução do adiantamento emergencial de salário para os afastados que recebem alta do INSS e são considerados inaptos pelo médico do trabalho em caso de recurso administrativo não aceito pelo INSS.
Prevenção de conflitos no ambiente de trabalho – Redução do prazo de 60 para 45 dias para resposta dos bancos às denúncias encaminhadas pelos sindicatos, além de reunião espec ífica com a Fenaban para discutir aprimoramento do programa.
Adoecimento de bancários – Constituição de grupo de trabalho, com n ível pol ítico e técnico, para analisar as causas dos afastamentos.
Inovações tecnológicas – Realização, em data a ser definida, de um Seminário sobre Tendências da Tecnologia no Cenário Bancário Mundial.
As principais reivindicações dos bancários
Reajuste salarial de 11,93% (5% de aumento real além da inflação)
PLR: três salários mais R$ 5.553,15.
Piso: R$ 2.860,21 (salário m ínimo do Dieese).
Aux ílios alimentação, refeição, 13ª cesta e aux ílio-creche/babá: R$ 678 ao mês para cada (salário m ínimo nacional).
Melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoece os bancários.
Emprego: fim das demissões, mais contratações, aumento da inclusão bancária, combate às terceirizações, especialmente ao PL 4330 que precariza as condições de trabalho, além da aplicação da Convenção 158 da OIT, que pro íbe as dispensas imotivadas.
Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.
Aux ílio-educação: pagamento para graduação e pós-graduação.
Prevenção contra assaltos e sequestros, com o fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários.
Igualdade de oportunidades para bancários e bancárias, com a contratação de pelo menos 20% de negros e negras.
Fonte: Contraf-CUT

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