Nos últimos meses o banco Itaú vem realizando numerosas demissões por justa causa de bancários. A instituição vem se aproveitando de qualquer erro e deslize operacional para justificar a demissão de funcionários sem pagar verbas rescisórias, como o FGTS e a multa de 40% sobre o valor do fundo. Em alguns casos tratam -; se de funcionários com mais de 30 anos de serviço, que perderam além de tudo o direito à previdência complementar.
Muitos dos demitidos afirmam que foram orientados pela inspetoria do banco a assinar uma carta, escrita de próprio punho, relatando o ocorrido, e que essa seria apenas uma formalidade. No entanto, este documento acaba sendo utilizado como prova de confissão para confirmar a demissão por justa causa.
O alerta do Sindicato é para os que os funcionários que enfrentarem situação semelhante não assinem nenhum documento deste tipo. O respaldo está na Constituição Federal que garante o direito de não produzir prova contra si mesmo.
O Sindicato também orienta os bancários a não assinarem nenhum documento sem a anuência dos gestores, a não utilizar o cartão do supervisor, não executar qualquer operação que possa ser motivo de futuro ação e, principalmente, não realizar operações de outras alçadas. Pois muitos dos casos os trabalhadores foram demitidos sem nunca terem recebido uma advertência sequer, e outras situações caberiam unicamente uma orientação dos gestores.
Um exemplo da prática adotada pelo Itaú é o que ocorreu com o ex-funcionário Paulo (nome fict ício). Ele foi demitido por justa causa depois de negociar d ívidas/PDD (Provisão para Devedores Duvidosos) por um valor menor.
“;Ninguém sabia que isso era ilegal, até porque está na diretriz do banco que qualquer d ívida pode ser quitada por um valor menor “;, conta Paulo, que realizou este tipo de procedimento durante quase um ano, tudo com a anuência de diretores de alçadas espec íficas como análise de crédito e jur ídica. “;O banco tem total controle sobre todas as operações, e o sistema permitiu que eu fizesse as transações por quase um ano. Não foi só durante um ou dois meses “;, conta.
Quando o caso chegou à inspetoria, Paulo foi afastado por cerca de duas semanas. “;Recebi minha demissão por telegrama. Me senti um lixo. Se eu ainda tivesse tido alguma vantagem financeira com isso, mas não. Fiquei muito abalado, tanto financeiramente quanto psicologicamente. Tentei me suicidar. O banco era minha vida, era tudo o que eu tinha. Perdi meu chão. “;
O Sindicato denuncia que os processos da inspetoria não dão chance de defesa para os bancários e as denúncias sequer são apuradas com o devido cuidado. Pois a intenção do banco com essa prática é economizar, não pagando os direitos rescisórios dos trabalhadores.