BB e Caixa foram preparados para venda nos anos 90

Bancários da Caixa Federal e do Banco do Brasil viveram tempos dif íceis na década de 1990. Os bancos públicos estavam na mira do programa nacional de desestatizações, implementado pela gestão neobiberal de Fernando Henrique Cardoso na Presidência da República (1995 a 2002). O resultado disso foram demissões em massa, arrocho salarial e até mesmo fraudes nos balanços das instituições para simular falsos preju ízos aos cofres da União e, assim, justificar suas vendas.
Foi o que aconteceu em São Paulo, com o Banespa. Quando candidato ao governo de São Paulo, Mário Covas (PSDB) falava em “;profissionalizar “; o banco estadual (veja carta), privatizado anos depois. O mesmo termo vem sendo usado pelo candidato do mesmo partido à eleição à Presidência da República, Aécio Neves.

VALE LEMBRAR -; Na ânsia por privatizar os bancos, o governo tucano reduziu em muito os postos de trabalho. O BB tinha 119 mil bancários em 1994, mas em 1995, quando FHC foi eleito, o quadro já se reduziu para 94.669 -; foram 24.331 para a rua. No último ano do tucano como presidente, em 2002, a instituição fechou seu balanço com 79 mil bancários.
Na Caixa eram 65 mil trabalhadores em 1994, caiu para 63.423 em 1995 e, no último ano de FHC, o quadro de empregados estava reduzido a 55.691 bancários.
Outros dados também são significativos desses anos obscuros: o Banco do Brasil chegou a um preju ízo de R$ 13 bilhões em 1995, in ício da era FHC.
é importante ressaltar que nesse per íodo de privatizações os balanços de algumas empresas públicas chegaram a ser falsificados. é o que denuncia o jornalista econômico Aloysio Biondi no livro Brasil Privatizado, lançado em 1999 e reeditado este ano. Segundo ele, a equipe econômica de FHC “;decidiu lançar como dinheiro perdido no balanço do BB todo e qualquer empréstimo em atraso, mesmo que esse atraso fosse de apenas um dia. (…) Meses mais tarde, resolveu lançar como preju ízo até mesmo os créditos ainda não vencidos “;.
Já a Caixa, que em 1995 apresentou lucro de apenas R$ 678 milhões, era usada como “;lixeira “; de bancos falidos, ainda segundo informações de O Brasil Privatizado: “;Na quebra do Banco Econômico, por exemplo, a CEF comprou a carteira imobiliária do banco. Valor: R$ 1,7 bilhão. Na quebra do Bamerindus, a mesma coisa “;.

NOVO CENáRIO -; Esse cenário começou a mudar em 2003, com a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. A Caixa Federal fechou 2013 com 98.198 empregados e um lucro de R$ 6,7 bi. No Banco do Brasil eram 112.216 bancários em dezembro de 2013 e o resultado desse ano alcançou R$ 15,7 bi. Comparando, os lucros de Caixa e BB cresceram, respectivamente, 231,5% e 315% entre 2002 e 2013.
Além disso, a mudança de governo propiciou negociações sérias com o movimento sindical. A partir de 2004, quando a campanha dos bancários se unificou, juntando trabalhadores de bancos públicos e privados na mesma mesa de negociação, os avanços foram ainda maiores.
Na Caixa, já em 2003, primeiro ano de Lula, a PLR passou a ser para todos -; e, à ela, acrescentou-se a PLR Social -;, houve a revogação da RH 008 e readmissão dos dispensados injustamente. O quadro de empregados passou a crescer, a pol ítica de abono salarial foi substitu ída pelo aumento real nos salários, além de serem assegurados avanços sociais importantes como a licença-maternidade de seis meses.
No BB, também em 2003, todos os funcionários passaram a receber a PLR da categoria. E em 2005, veio a conquista da distribuição de 4% do lucro l íquido semestral, também para todos os funcionários.
DIREITOS PERDIDOS – A Caixa teve redução em seu quadro de funcionários, amargou diversas campanhas com reajuste zero. Houve a tentativa de dividir os empregados com a adoção de direitos diferenciados a quem entrou antes e após 1998, além de perseguições e demissões por meio de um instrumento administrativo: o RH 008. Até mesmo os delegados sindicais foram discriminados com o claro objetivo de se impedir a livre organização no local de trabalho.
No BB ocorria o mesmo: os funcionários também sofreram anos de reajuste zero, redução de direitos e de postos de trabalho. Muitos foram ameaçados a aderir aos PDVs (Planos de Demissões Voluntárias) caso não encontrassem colocações em outros estados. Alguns mudaram de cidade, acarretando em preju ízos para suas fam ílias. Outros não aguentaram a pressão e sa íram. Até casos de suic ídios ocorreram nesse per íodo.
Fonte: SP Bancários

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