Comando cobra mais segurança, mas bancos não priorizam proteção à vida

Apesar da sensação de insegurança, dos sequestros e do aumento das mortes em assaltos envolvendo bancos, a Fenaban tratou com profundo descaso as reivindicações de segurança bancária defendidas pelo Comando Nacional dos Bancários nesta quarta-feira, 27, na segunda rodada de negociação da Campanha 2014, em São Paulo. A rodada continua hoje, 28, para discutir igualdade de oportunidades.
INSEGURANçA -; O Comando apresentou os dados da Pesquisa Nacional de Mortes em Assaltos envolvendo Bancos, feita pela Contraf e CNTV, com apoio do Dieese, mostrando que 32 pessoas foram assassinadas nos primeiros seis meses de 2014, uma média de cinco casos por mês, o que significa um aumento de 6,7% em relação a igual per íodo de 2013. Os clientes representam 68,8%das v ítimas, quase todos mortos em “saidinha de banco”.
Os dirigentes sindicais também mostraram os números da Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos, elaborada pela Contraf, CNTV e Fetravisp, com apoio do Dieese. No primeiro semestre deste ano foram verificadas 1.693 ocorrências, sendo 403 assaltos e 1.290 arrombamentos, uma média de nove casos por dia, que representam um crescimento de 9,1% em relação ao mesmo per íodo do ano passado.
Esse número de assaltos é mais do que o dobro da estat ística semestral da Febraban, que apurou 186 ocorrências no mesmo per íodo. Os bancos questionaram a pesquisa do movimento sindical, feita com base em not ícias da imprensa, dados dispon íveis de secretarias estaduais de segurança e informações de sindicatos de bancários e vigilantes. O Comando se colocou à disposição para apurar a diferença.
GASTOS DE SEGURANçA REPRESENTAM 8,6% DOS LUCROS -; O Comando e os bancos também divergiram a respeito das despesas das empresas em segurança. Estudo do Dieese com base nos balanços das cinco maiores instituições financeiras mostra que elas gastaram R$ 2,4 bilhões em segurança e vigilância no primeiro semestre deste ano, para um lucro l íquido de R$ 28,3 bilhões, o que representa uma média de 8,6%.
Os bancos questionaram o número dos gastos, afirmando que ele não contempla despesas com transporte de valores. O Comando, então, propôs que os bancos sejam mais transparentes e detalhem os gastos com segurança nos seus balanços.
PROJETO-PILOTO -; O Comando e a Fenaban fizeram um balanço positivo do projeto-piloto de segurança bancária conquistado na Campanha 2012 e implantado em agosto do ano passado em Recife, Olinda e Jaboatão de Guararapes.
Segundo dados da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, o número de roubo a bancos caiu pela metade (de 16 para 8) no Estado entre janeiro a julho de 2014 em comparação com o mesmo per íodo do ano passado. Em relação à “saidinha de banco”, o número de ocorrências também diminuiu de 131 para 113 nas três cidades abrangidas no per íodo, o que representa uma redução de 8,6%.
Em razão desses avanços, os bancários agora querem incluir na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) as medidas testadas e aprovadas no projeto-piloto, tais como porta giratória com detector de metais, câmeras internas e externas, biombos em frente aos caixas, guarda-volumes e vigilantes armados e com coletes bal ísticos, de forma que sejam estendidos para agências e postos de atendimento em todo o pa ís.
Os negociadores da Fenaban disseram que levarão a reivindicação para apreciação dos bancos.
PREVENçãO CONTRA SEQUESTROS -; O Comando enfatizou a necessidade de prevenção contra sequestros diante do alto número de casos em todo o pa ís, cujas principais v ítimas são gerentes e tesoureiros, e defendeu o fim da guarda das chaves de agências e postos de atendimento por bancários ou por vigilantes, reivindicando que a abertura e o fechamento de cada estabelecimento sejam feitos por empresas especializadas em segurança ou então que isso seja realizado por controle remoto.
Os representantes dos bancos ficaram de verificar a possibilidade de estudar o assunto na mesa temática de Segurança Bancária.
Os dirigentes sindicais cobraram também o fim das demissões e a concessão de estabilidade no emprego para as v ítimas de assaltos e sequestros por 36 meses. No entanto, os bancos não concordaram com qualquer garantia de emprego, alegando que a demissão é um “procedimento disciplinar” de cada instituição em caso de descumprimento de normas internas de segurança.
ASSISTêNCIA àS V íTIMAS DE ASSALTOS E SEQUESTROS -; Além de mais equipamentos e medidas de prevenção, o Comando defendeu mais assistência às v ítimas de assaltos, sequestros e extorsões. Entretanto, os bancos não aceitaram as reivindicações apresentadas pelo Comando, frustrando a expectativa dos bancários.
ADICIONAL DE 30% DE RISCO DE MORTE -; A exemplo dos vigilantes que conquistaram adicional de periculosidade de 30% dos salários, através da lei nº 12.740/2012 sancionada pela presidente Dilma Rousseff, o Comando reivindicou o pagamento do mesmo adicional para quem trabalha em agências, postos de atendimento e áreas de tesouraria. Os bancos, porém, não aceitaram a reivindicação.
MAIS VIGILANTES -; O Comando reivindicou o cumprimento da lei nº 7.102/83, que prevê no m ínimo dois vigilantes por estabelecimento bancário, inclusive no intervalo de almoço, bem como a aplicação do plano de segurança aprovado pela Pol ícia Federal.
O descumprimento tem sido uma das causas das multas aplicadas nas reuniões da CCASP. O Comando ainda criticou a abertura de agências de negócios sem vigilantes e portas giratórias. Trata-se de modelo de atendimento inseguro, que vem sendo combatido pela categoria, inclusive com ações judiciais.
Os representantes do Comando defenderam ainda o envio de cópia do Boletim de Ocorrência Policial (BO) dos assaltos e sequestros para os sindicatos, como forma de acompanhar os casos. Mas os bancos negaram a demanda, alegando que se trata de informações confidenciais.
Calendário de negociações da Campanha 2014
Agosto
28 – Segunda rodada de negociações com a Fenaban
29 – Segunda rodada espec ífica com a Caixa
Setembro
1º – Segunda rodada de negociação espec ífica com o BB
2 – Negociação espec ífica com o Santander
3 e 4 – Terceira rodada de negociação com a Fenaban
10 e 11 – Quarta rodada de negociação com a Fenaban
12 – Terceira rodada de negociação espec ífica com o BB
Fonte: Contraf

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