No momento em que dispara o número de mortes em assaltos envolvendo bancos, a Fenaban fugiu de sua responsabilidade perante os bancários e a sociedade ao recusar as medidas efetivas para combater a violência propostas pelo Comando Nacional dos Bancários. Na negociação ocorrida nesta terça-feira, 6, em São Paulo, pela segunda rodada da Campanha Nacional dos Bancários 2011, os bancos negaram as reivindicações apresentadas pelos trabalhadores sobre segurança.
Levantamento feito pela Contraf-CUT e Sindicatos, mostra que já ocorreram 31 assassinatos em assaltos envolvendo bancos 2011, dos quais 20 em crimes de ‘saidinha de banco’. Além disso, a 1ª Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos, elaborada pela Contraf-CUT e pela Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), registrou 838 ataques a bancos no primeiro semestre deste ano, sendo 301 assaltos e 537 arrombamentos, consumados ou não.
Os bancários defendem instalação de portas de segurança com detectores de metais, câmeras em todas as áreas internas e externas das agências com monitoramento em tempo real, vidros blindados nas fachadas; divisórias individualizadas entre os caixas eletrônicos, biombos entre a fila de espera e a bateria de caixas e isenção das tarifas de transferências de recursos (TED e DOC). Também querem melhorias na assistência às v ítimas de assaltos e sequestros e a proibição da guarda das chaves de cofres e do transporte de valores por bancários.
‘Saidinha de banco’
O Comando Nacional propôs uma série de medidas para combater o crime de saidinha de banco, que já levou à morte 20 pessoas em 2011. Entre as medidas, está a instalação de biombos entre a fila e os caixas, já adotadas por algumas empresas.
Os trabalhadores manifestaram também sua preocupação com a situação dos bancários nos munic ípios em que foram aprovadas leis proibindo o uso de celulares dentro das agências.
Os representantes dos bancários alertaram ainda que essa tarefa pode desviar a atenção dos vigilantes da segurança dos estabelecimentos.
As negociações com a Fenaban continuam na próxima segunda-feira, 12, com o tema remuneração.
Veja os principais itens discutidos da pauta de segurança:
Assistência às v ítimas
Os bancários reivindicam que os bancos ofereçam assistência para as v ítimas de assaltos e sequestros, contemplando os seguintes itens:
– Garantia de atendimento médico e psicológico individual e presencial aos empregados e suas fam ílias em casos de ameaça ou consumação de sequestros ou outros delitos;
– Pagamento por parte dos bancos dos custos de remédios e despesas de tratamento dos empregados;
– Emissão de CAT a todos os empregados que estiveram no local de assalto consumado ou não, com comunicação imediata à CIPA e sindicato local;
– Dispensa dos empregados que estiverem no local durante a ocorrência;
– Fechamento da agência até que seja feita per ícia técnica com participação do sindicato;
Em relação a esses itens, os bancos defenderam apenas a manutenção da cláusula atual, conquistada pelos trabalhadores na campanha nacional do ano passado, que garante assistência médica ou psicológica, emissão obrigatória de boletim de ocorrência, possibilidade de realocação das v ítimas de sequestro e acesso às estat ísticas semestrais de ataques a bancos da Febraban.
Equipamentos e medidas de prevenção contra assaltos e sequestros
O Comando Nacional cobrou a implementação dos seguintes equipamentos de segurança:
– Instalação de portas individualizadas de segurança com vidros à prova de balas, antes do auto-atendimento, em todos os acessos aos estabelecimentos;
– Câmeras de filmagem em todas as áreas internas e externas de circulação de clientes e usuários, com monitoramento em tempo real fora das agências e postos;
– Instalação de divisórias individualizadas na bateria de caixas e entre os caixas eletrônicos, bem como de biombos entre a fila de espera e a bateria de caixas, para garantir a privacidade e impedir a visualização de terceiros;
– instalação de vidros em frente aos guichês de caixa;
– vidros blindados nas fachadas dos bancos;
– malhas finas de aço nas janelas que dão acesso às ruas;
– Proibir a triagem de clientes antes do acesso à parte interna das agências e postos para fins de depósitos e saques em dinheiro, como forma de combater o crime da “saidinha de banco”;
– Instalação de caixas eletrônicos somente em locais seguros.
Os bancos negaram o atendimento das reivindicações, encaminhando as questões para a discussão na mesa temática de segurança, a ser retomada após a campanha nacional. Somente em relação às câmeras, a Fenaban ficou de procurar os bancos para trazer uma proposta de ampliação desse equipamento de segurança.
Proibição da guarda de chaves e acionadores de alarmes por bancários
Os bancos negaram a reivindicação, alegando que a posse da chave não aumenta a exposição dos bancários ao risco de sequestro.
Proibição de transporte de numerário por bancários
Bancários querem que o transporte de valores seja feito somente por vigilantes em carro-forte, conforme estabelece a lei federal 7102/83. O assunto é objeto de procedimento que se encontra pendente na Procuradoria Geral do Ministério Público do Trabalho. A Fenaban ficou de consultar os bancos.
Outros itens
Os bancos se negaram a discutir as reivindicações de estabilidade no emprego de 36 meses e indenização aos empregados v ítimas de assalto ou sequestro.
Fonte: Contraf-CUT
Bancos ignoram violência e negam reivindicações por mais segurança
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