Em todos os ambientes, quando se fala em pol ítica, coloca-se uma pergunta: como vai o governo Dilma? é natural a indagação. No presidencialismo, mais que no parlamentarismo, a figura do supremo mandatário tem importância expressiva.
O Parlamento, por mais que mostre vocação c ívica, jamais consegue atingir o espaço de expressão do Executivo. O Judiciário, apesar do atual ativismo, ainda é poder que exige provocação para agir.
O Executivo, ao contrário dos demais poderes, está sempre presente na vida do cotidiano das pessoas. A cidadania acompanha com acuidade todos os atos do mandatário. Eles repercutem no dia a dia de cada cidadão, mesmo que não incidam diretamente sobre os seus interesses imediatos.
Dilma Rousseff atingiu a Presidência da República como reflexo de uma personalidade carismática e bem sucedida. Mais ainda. Respeitada por todas as classes sociais, salvo poucas exceções.
Suceder a Luiz Inácio Lula da Silva seria tarefa dif ícil para o mais experiente pol ítico, mais dificuldade encontra um quadro técnico acostumado à direção direta de seus subordinados e definição precisa dos objetivos.
A pol ítica é caleidoscópio. Jamais é poss ível aquilatar a próxima imagem. Tudo é mutável e a volubilidade das vontades humanas se apresenta no cenário pol ítico com enervante constância.
Compreens ível, pois, a idas e vindas dos primeiros meses do atual governo. Só encontrou situações complexas. Lula, o l íder sindical, é homem de conflitos e acordos transitórios.
Uma técnica, que sempre ocupou cargos administrativos, não pode utilizar o mesmo meio de convicção. Não possui tradição pol ítica e nem sequer atrativo para falar sem atingir conclusões.
Da í as pequenas crises, particularmente no trato dos assuntos ministeriais. Agiu mal, cai. Esta forma de atuar não era habito no per íodo presidencial anterior e nem sequer faz parte dos hábitos pol íticos brasileiros.
O costume – diga-se de passagem, secular – é transigir e conciliar. Tudo acontece mediante conciliação. Nunca se vai às últimas conseqüências. Dilma rompeu a maldição.
é claro que determinados segmentos se encontram incomodados. No entanto, é poss ível que a presidenta esteja inaugurando um novo ciclo na pol ítica nacional.
Colocar as coisas no devido lugar. Fazer com que os fatos se tornem claros, as falcatruas expostas e seus autores exonerados é novidade que deixa perplexa muita gente.
O erro dos pol íticos tradicionais é n ítido. Esqueceram de examinar a trajetória da presidenta Dilma. Ela sempre mostrou liderança e lutou, de maneira inequ ívoca, pela democracia e moralidade administrativa.
Ofereceu, em seu passado, em holocausto a dignidade humana o seu próprio sacrif ício pessoal. Sofreu em sua a integridade f ísica e perdeu a liberdade. Permaneceu com seus princ ípios.
Erram, pois, os pol íticos, inclusive os mais experientes que, em governos passados, ocuparam cargos relevantes nos poderes da República, em procurar agredi-la – e a seu governo – com palavras ou bravatas.
Dilma tem componentes diferentes dos operadores pol íticos de todos os tempos. Possui coragem e destemor. Não é carreirista. Quer exercer com dignidade seu mandato.
Se tudo isto não fosse suficiente, a democracia plena em que se vive não permite a presença da imoralidade administrativa e nem das velhas técnicas de desestabilização dos governantes.
A opinião pública sabe diferenciar com precisão os bons e os maus atos dos administradores. As boas e as más condutas dos pol íticos. Terminou a fase do quem pode leva.
Hoje, é preciso respeitabilidade para o exerc ício das funções públicas. A sociedade é implacável e acompanha cada movimento dos detentores de cargos nos três poderes da República.
Dilma age como quer a maioria da cidadania: preserva a dignidade do cargo e afasta firmemente os de conduta frágil. Tudo isto é novidade. Dai alguma perplexidade de seus adversários e dos analistas deformados pela paixão ou interesses.
Fonte: Terra -; Cláudio Lembo
Foto: Roberto Stuckert/PR/Divulgação
Dilma, a nova fase
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