BB apresenta à Contraf proposta de PCR, conquista da Campanha de 2010

Uma das conquistas mais significativas para o funcionalismo do Banco do Brasil na Campanha Nacional de 2010, o Plano de Carreiras e Remuneração (PCR) voltou a ser assunto principal de mais uma rodada de negociação permanente entre a Contraf-CUT, federações e sindicatos, assessorada pela Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, e os representantes da instituição financeira.
Iniciada na manhã de quinta-feira (10), a reunião, encerrada por volta das 14h, também foi marcada pela apresentação do projeto das agências complementares. Os trabalhadores defendem a presença do banco em todas as cidades, mas com agências e funcionários preparados para atender a população e orientar para o crédito consciente e produtivo. No entanto, os bancários discordam desse modelo de agência que fere a lei e precariza direitos dos trabalhadores.
Na primeira parte da negociação, a segunda realizada este ano, os representantes do BB detalharam o PCR. Em slides, o banco apresentou um modelo de como será o extrato de pontuação por exerc ício de cargo comissionado, que deve ser disponibilizado no SISBB até 31 de março. A pontuação diária de cada comissão é definida de acordo com o Valor de Referência (VR) da comissão. As comissões com VR até R$ 4.056,10, receberão 1 ponto, de R$ 4.056,10 até R$ 6.760,17 receberão 1,5 ponto; as comissões de R$ 6.760,17 a R$ 13.520,33 receberão 3 pontos; e as comissões acima desse valor receberão 6 pontos. A pontuação é medida por dia de comissão exercida, incluindo os sábados, domingos e feriados, nestes casos assumindo a comissão do dia útil anterior. A cada 1.095 pontos, o bancário avança um n ível na tabela por mérito. Cada n ível corresponde a um valor de R$ 70 de aumento no vencimento padrão do bancário (VP mais gratificação corresponderá a um aumento de R$ 88 por n ível). A contagem de pontos retroage às comissões exercidas desde setembro de 2006.
“O banco ainda não sabe ao certo quantos bancários serão beneficiados de imediato com a implantação do PCR. No entanto, estimamos que o plano impactasse positivamente mais de 20 mil pessoas de todo o pa ís neste primeiro momento. Sabemos que o PCR viabilizado nesse momento ainda não é o ideal, mas o aprimoramento do modelo através da negociação nos levará a um Plano melhor e mais justo no futuro”, afirma Eduardo Araújo, coordenador da CEBB.
Os sindicalistas sustentaram o pedido de um adiantamento de valores com acerto na folha de abril próximo. O BB, porém, não admitiu a possibilidade desse pagamento.
Um dos negociadores do banco, José Roberto garantiu que a verba por mérito deve constar na folha de abril. Ao ser questionado pela CE sobre as dúvidas que surgirão em torno do PCR, o representante do BB admitiu a possibilidade de criar uma espécie de tira-dúvidas aos bancários. Ele não esclareceu se o canal de comunicação será por meio de e-mail ou de telefone. “Vamos montar um sistema para atender as dúvidas. Pode haver um grau de dúvida e de incerteza que será minimizado com nosso plano de comunicação”, admitiu José Roberto.
Com o PCR, alguns bancários podem receber reajustes de até 15,6%. O incremento na folha será retroativo a setembro, data-base da categoria. “Os bancários que não tem em seu espelho a verba CTVF (Contribuição Temporária Variável de Função Comissionada) receberão reajuste imediato com a implantação do PCR. Aqueles que têm CTVF menor do que os valores de mérito alcançado também receberão um reajuste imediato, subtraindo-se o valor do mérito à CTVF. O restante dos bancários terá o vencimento padrão robustecido, fortalecendo assim o salário base, diminuindo a força da verba variável CTVF”, informa Rafael Zanon, representante da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CN) na CE e diretor do Sindicato dos Bancários de Bras ília. Quem perdeu ou abriu mão de comissão de 2006 para cá também será beneficiado na carreira de mérito.
Incorporados
Os bancários egressos dos bancos incorporados pelo BB serão inclu ídos no PCR, de acordo com os representantes do banco. Ao contrário dos demais funcionários originários do BB, que terão o seu histórico considerado desde 2006, os trabalhadores oriundos de outras instituições financeiras serão avaliados de forma diferente. O BB vai levar em conta o tempo a partir da migração desse segmento do funcionalismo. “Pretendemos avançar nas negociações para que esses trabalhadores tenham os mesmos direitos dos demais. Levaremos as reivindicações para a mesa de negociação”, observa Sérgio Farias, representante da Federação do Rio de Janeiro e do Esp írito Santo na CEBB.
Agências complementares
Para cumprir a meta de o BB estar presentes em todos os 5.465 munic ípios do pa ís até 2015, estabelecida ainda durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o banco apresentou aos bancários um resumo do projeto de implantação das agências complementares. O objetivo do banco é abrir 250 unidades até o final de 2011.
Apesar de aprovar a iniciativa de levar o banco aos pequenos munic ípios e, com isso, aumentar a inclusão bancária no pa ís, a Comissão de Empresa vê problemas no plano de expansão. As preocupações dos trabalhadores vão desde o modelo que terceiriza o atendimento, a falta de segurança e ao descumprimento da lei. Ao colocar dois bancários e terceiros trabalhando numa mesma unidade, o Banco atenta contra a lei de terceirização. “O ideal é a abertura de agências com número suficiente de bancários e qualidade de atendimento. Além disso, já que esse é um projeto social da instituição, não deveria ser exigida lucratividade desses postos”, ressalta Cláudio Luiz, representante da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito de São Paulo (Fetec-SP) na CE.
A Contraf-CUT recomenda aos sindicatos de todo o pais debaterem o projeto e apresentarem suas sugestões e cr íticas à proposta que prevê a contratação de correspondentes como serviço complementar. Em paralelo, os sindicalistas informaram ao BB que irão denunciar os correspondentes bancários irregulares. “Não permitiremos em hipótese alguma a precarização do trabalho bancário”, avisa Eduardo Araújo.
Fonte: Rodrigo Couto – Rede de Comunicação dos Bancários

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