Enquanto desaparecem os direitos, surgem novos milionários

O relatório Recompensem o trabalho, não a riqueza, da organização não governamental (ONG) britânica Oxfam, divulgado na segunda-feira 22, revela que o número de bilionários brasileiros saltou de 31 para 43 em 2017. No mesmo per íodo, o patrimônio total dessa parcelaínfima da população cresceu 13%, enquanto os 50% mais pobres tiveram sua fatia da renda nacional reduzida de 2,7% para 2%.

A gente não encontrou ainda um caminho para enfrentar essa desigualdade”, disse Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.

“;é tão assustador que alguns estejam inóspitos diante da atual situação do pa ís. E os dados da Oxfam revelam o projeto de pa ís implantado pelo governo Temer. De um lado temos um grande desmonte dos direitos dos trabalhadores, empregos desapareceram, gastos públicos congelados por 20 anos, de outro lado a verdadeira elite se mantém intocada, com o patrimônio cada vez maior. Essa é uma opção totalmente pol ítica. Opta-se por cortar direitos trabalhistas, prevê-se afastar milhões de brasileiros da aposentadoria, mas não tornamos a nossa carga tributária progressiva, não taxamos lucros e dividendos, não cobramos as d ívidas bilionárias de grandes empresários, banqueiros. Enquanto o povo literalmente paga o pato “;, critica o Presidente do Sindicato dos Bancários, José Antônio Fernandes Paiva.

Concentração

Cinco bilionários brasileiros concentram o equivalente à metade da população mais pobre do pa ís. “O Brasil chegou a ter 75 bilionários, depois caiu, muito por causa da inflação, e depois, nos últimos três anos, a gente viu uma retomada no aumento do número de bilionários. Esse último aumento -; de 12 bilionários -; é o segundo maior que já houve na história. E o patrimônio geral também está aumentando”, afirmou Rafael Georges, coordenador de campanhas da Oxfam.

Um brasileiro que ganha um salário m ínimo precisaria trabalhar 19 anos para ganhar o mesmo que recebe em um mês uma pessoa enquadrada entre o 0,1% mais rico.

Mundo -; O relatório da ONG britânica mostra que a concentração da riqueza é cada vez maior em todo o mundo. De toda a riqueza gerada no mundo no ano passado, 82% ficaram concentrados nas mãos dos que estão na faixa de 1% mais rica, enquanto a metade mais pobre -; equivalente a 3,7 bilhões de pessoas -; não ficou com nada.

O documento destaca ainda que houve um aumento histórico no número de bilionários: um a mais a cada dois dias. Segundo a Oxfam, esse crescimento seria suficiente para acabar não uma, mas sete vezes com a pobreza extrema no planeta. Atualmente existem no mundo 2.043 bilionários. A concentração de riqueza também reflete a desigualdade de gênero: a cada dez bilionários nove são homens.

Recomendações -; Para diminuir a desigualdade extrema em todo o mundo, a Oxfam recomenda a criação de empregos decentes. “O que o relatório aponta é que está acontecendo um movimento contrário, inclusive com vários pa íses regredindo em proteção trabalhista”, diz Rafael Georges.

Outra recomendação é que se limite lucros de acionistas e altos executivos, priorizando o pagamento salário digno a todos os trabalhadores. Indica também a eliminação das diferenças salariais por gênero, que no atual ritmo precisariam de 127 anos para serem eliminadas.

O relatório pede ainda que os ricos paguem uma “cota justa” de impostos e tributos e que sejam aumentados os gastos públicos com educação e saúde. “A Oxfam estima que um imposto global de 1,5% sobre a riqueza dos bilionários poderia cobrir os custos de manter todas as crianças na escola.”

“;Triste para um pa ís como o Brasil, que caminhava para se tornar uma grande potência ver agora as recomendações da Oxfam. Todas as medidas deste governo Temer são exatamente para o outro lado. Enquanto recomenda-se geração de empregos, o governo retira diversos direitos dos trabalhadores por meio de um desmonte chamado de reforma trabalhista. é urgente que reconquistemos a democracia em nosso pa ís, para que possamos retomar um caminho de redução da nossa imoral e desumana desigualdade social “;, conclui Paiva.

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